Vendedora de livros é identificada como a terceira vítima de pintor em São Paulo. Sete corpos foram localizados
Publicado em 2 de outubro de 2015Três dos sete corpos encontrados enterrados em uma casa na Favela Alba, na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo, foram identificados pela polícia até o início da tarde desta sexta-feira (2). Principal suspeito dos homicídios, o pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, foi preso em 25 de setembro. Ele confessou a morte de seis pessoas, mas os investigadores apuram se ele cometeu mais crimes.
Segundo seu advogado, André Nino, o pintor alegou que agia sob efeito de drogas e que está “arrependido dos crimes”. O defensor acrescentou que Oliveira é “uma pessoa que está consumida pela droga”. Veja, abaixo, quem são as pessoas que foram assassinadas pelo homem e as que a polícia acredita que ele tenha matado.
VÍTIMAS IDENTIFICADAS
Natasha Silva dos Santos
A polícia identificou nesta sexta-feira (1º) o corpo da vendedora de livros Natasha Silva dos Santos. Ela é a terceira dos sete corpos encontrados enterrados na casa do pintor Jorge Luiz Morais de Oliveira, de 41 anos, na Favela Alba, na região do Jabaquara, Zona Sul de São Paulo. As informações são do SPTV.
Segundo familiares, Natasha entregava livros didáticos a crianças e adolescentes da favela quando desapareceu em julho. Segundo a polícia, no entanto, uma amiga da vendedora afirmou em depoimento que a jovem foi até à casa de Jorge para comprar droga, seguindo a indicação de uma outra colega. O pintor nega que vendia qualquer tipo de entorpecente.
A família informou que Natasha costumava fumar maconha. Segundo o delegado Edilzo Correia de Lima, ela tem passagem pela polícia por crime de furto.
Amigos e familiares dela foram ao Instituto Médico-Legal (IML) e à delegacia prestar depoimento na tarde de quinta-feira (1º). Eles levaram fotos da jovem sorrindo para que a perícia compare a imagem dos dentes com as arcadas dos corpos não identificados. As amigas também observaram algumas roupas encontradas na casa do pintor, mas não reconheceram nenhuma delas como sendo de Natasha.
Carlos Neto Alves Júnior
Vizinho do suspeito, o jovem de 21 anos morreu na noite de 23 de setembro, uma quarta-feira, na residência do pintor, na Rua Professor Francisco Emídio da Fonseca. Júnior era homossexual e estava aposentado por conta de uma surdez de nascença.
O suspeito alega legítima defesa. Ele disse que o vizinho, acompanhado de outro jovem, entrou em sua casa com uma faca na mão. Após uma discussão, a vítima o teria esfaqueado no braço, mas ele conseguiu tomar sua faca e o atacou. O rapaz que estava com o jovem teria fugido durante a briga.
A polícia chegou ao imóvel após uma denúncia e localizou o corpo de Júnior em um cômodo. A mãe do pintor, que mora em frente, informou ter visto a vítima e o filho entrarem juntos no imóvel. Segundo ela, seu filho saiu na manhã de 25 de setembro e não voltou mais. A pedido dos policiais, a mãe e a irmã ligaram para ele e o convenceram a se entregar no mesmo dia. A descoberta do corpo levou à localização dos outros seis cadáveres enterrados.
Renata Christina Pedrosa Moreira
Estudante carioca de 33 anos, Renata era, segundo sua mãe, usuária de drogas e costumava ir até a favela para comprar entorpecentes. Ela estava desaparecida havia nove meses. O último sinal de seu celular dela foi registrado na região em janeiro deste ano.
A identificação ocorreu na quinta-feira (1º), após a companheira da vítima entregar à Polícia Técnico-Científica 27 radiografias de Renata. “Ela tinha uma placa de titânio no úmero e na clavícula e eu entreguei isso para o IML”, disse Louise Cerdeira. “Isso facilitou com que fosse rapidamente reconhecido o corpo dela.”
Na segunda (28), após o fim do trabalho da perícia, a mãe e a companheira de Renata compraram uma pá e uma enxada e entraram na casa do pintor em busca do corpo. Não encontraram o cadáver, mas acharam objetos e novos restos mortais que não haviam sido recolhidos. A polícia retornou ao local e o corpo da estudante foi localizado no dia seguinte.
Apesar de Renata e Júnior serem homossexuais, o advogado do suspeito nega que os crimes cometidos por seu cliente tenham sido motivados por homofobia.
OUTRAS POSSÍVEIS VÍTIMAS
Andréia Gonçalves Leão
“Baianinha”, como também era chamada, morava na mesma favela do pintor. Ao ser apresentado à foto da jovem de 20 anos, ele confessou sua morte. O homem, porém, não ligou o nome dela à imagem, segundo a polícia.
Paloma Aparecida dos Santos
A mulher de 21 anos, também moradora da região, foi outra a ser reconhecida pelo pintor por foto. Familiares da jovem identificaram um celular encontrado na casa do suspeito como sendo dela. O advogado André Nino, que defende o acusado, afirmou que seu cliente alega que comprou o aparelho.
Segundo o delegado Edilzo Correia de Lima, do 16º Distrito Policial da capital paulista, Paloma também é homossexual e usuária de drogas. Apesar de estar desaparecida havia meses, sua família ainda não havia registrado boletim de ocorrência. Para a polícia, o fato indica que ela tinha o costume de sumir sem dar notícias.
Outros crimes
Além dos casos revelados nesta semana, o pintor tem longa ficha criminal. Ele ficou 17 anos e 9 meses preso por dois homicídios (em 1994 e 1995), se envolveu em rebelião na prisão e também respondeu criminalmente por sequestro, cárcere privado e formação de quadrilha. Ele foi posto em liberdade em 7 de novembro de 2013.
Após a divulgação de sua foto na imprensa, duas pessoas procuraram a polícia e disseram ter sido vítimas de outros crimes cometidos pelo pintor. Segundo o delegado Jorge Carrasco, uma delas disse ter sido estuprada e a outra, roubada. Os casos também serão investigados.
G1