Abin no governo Bolsonaro foi usada para monitorar promotora do caso Marielle

Publicado em 25 de janeiro de 2024

A estrutura da Agência Brasileira de Informações (Abin) foi usada durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para monitorar Simone Sibilio, ex-coordenadora da força-tarefa do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que investigou as mortes de Marielle Franco e Anderson Gomes.
A informação consta da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes que embasou a operação contra o ex-chefe da Abin, Alexandre Ramagem, deflagrada nesta quinta-feira (25) pela PF.
Segundo a decisão, a Controladoria Geral da União (CGU) encontrou um resumo do currículo da promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) que coordenava a força-tarefa que investigava as mortes de Marielle e Andreson.
Esse documento, segundo as investigações, estava formatado do mesmo jeito que outros relatórios apócrifos criados pela estrutura paralela de espionagem existente na Abin durante o governo Bolsonaro.
“(…) ficou patente a instrumentalização da ABIN, para monitoramento da Promotora de Justiça do Rio de Janeiro e coordenadora da força-tarefa sobre os homicídios qualificados perpetrados em desfavor da vereadora MARIELLE FRANCO e o motorista que lhe acompanhava ANDERSON GOMES”, escreveu Moraes.
A decisão de Moraes não esclarece qual seria o objetivo do monitoramento da promotora responsável pelo caso. De maneira geral, esquema de monitoramento ilegal montado na Abin buscava, entre outras coisas, criar relatórios apócrifos para criar narrativas falsas.
Desde 2018 como responsável pelo caso, Sibilio deixou a investigação em 2021. Na época, a TV Globo apurou que ela e Leticia Emily, outra promotora do caso, deixaram a investigação por receio e insatisfação com “interferências externas”.
O caso continua sendo investigado pelo MP-RJ. A pedido do ex-ministro, Flávio Dino, a Polícia Federal (PF) também abriu um inquérito, para ampliar a “colaboração federal” nas investigações.

Foto: Reprodução/Instagram/@delegadoramagem
Por Julia Duailibi
G1

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