Após fracasso de negociação com a Índia Governo Bolsonaro quer todo o estoque de CoronaVac do Butantan, inclusive o reservado para São Paulo

Publicado em 17 de janeiro de 2021

Depois que o governo brasileiro fracassou na tentativa de importar da Índia 2 milhões de doses da vacina Oxford/AstraZeneca, o Ministério da Saúde agora pretende começar a campanha de imunização apenas com a do Instituto Butantan – produzida em parceria com a chinesa Sinovac. O ministério exige que o Butantan entregue o total das 6 milhões de doses existentes no país e não aceita manter com São Paulo as que seriam destinadas ao estado.
O avião da Azul, que iria para a Índia buscar as vacinas de Oxford/AstraZeneca, acabou indo para Manaus, levando cilindros de oxigênio. A viagem para Mumbai para trazer as 2 milhões de doses da vacina está sem data marcada, depois que as negociações com o governo indiano fracassaram.
O diretor do laboratório Serum disse ao jornal “Times Of India” que iria despachar um carregamento de 2 milhões de doses para o Brasil daqui a duas semanas, sem que isso interferisse no cronograma de vacinação do governo indiano.
A decisão sobre o uso emergencial das vacinas – a Coronavac e a de Oxford/Astrazeneca – no Brasil está marcada para este domingo (17). Os técnicos da agência passaram o dia avaliando os dados. Já concluíram a análise de 85,12% dos documentos apresentados pela Fiocruz e 62,14% dos que foram encaminhados pelo Instituto Butantan.
A reunião da diretoria da Anvisa está marcada para às 10h deste domingo. Antes da votação, os técnicos da agência vão fazer uma apresentação com a análise das duas vacinas para os diretores.
Depois, a diretora Meiruze Freitas – relatora dos pedidos de uso emergencial – lê o voto dela. E os outros quatro diretores votam. A diretoria colegiada da Anvisa é formada por cinco pessoas: Antonio Barra Torres , diretor-presidente; Cristiane Jourdan; Alex Campos; Romison Mota, diretor substituto; e Meiruze Freitas – que são servidores de carreira. Todos diretores foram nomeados pelo presidente Jair Bolsonaro.
O governo federal conta com as doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, importadas pela Fiocruz e tem prontas para a aplicação 6 milhões de doses da CoronaVac – do laboratório chinês Sinovac. As doses foram importadas pelo Instituto Butantan e encomendadas pelo governo de São Paulo. Na semana passada, o Ministério da Saúde assinou o contrato com o Butantan para comprar as doses.
Na sexta (15), o ministério enviou um ofício requisitando a entrega do material ao instituto. O Butantan respondeu que faria a entrega das doses, mas quis saber antes quantas vão ser destinadas ao estado de São Paulo para entregar diretamente ao centro de distribuição da Secretaria de Saúde do estado.
Ainda na noite de sexta-feira, o Ministério da Saúde mandou um segundo um ofício ao Butantan. Reforçou o pedido de entrega das vacinas e disse que: “a responsabilidade pela elaboração, atualização e coordenação do plano nacional de operacionalização da vacinação contra a Covid-19 é do Ministério da Saúde, que não pode delegar a distribuição das vacinas, sobretudo em razão do estado de excepcionalidade que o país atravessa. Há a necessidade da imediata entrega das 6 milhões de doses para que não ocorra atraso”.
Neste sábado (16), o Butantan informou que avalia o documento. O Butantan também já tinha afirmado, em um documento anterior, que a disponibilização das doses será feita depois da autorização da Anvisa – a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
O governo paulista vem afirmando que não faz sentido entregar as doses que o estado terá direito, para depois receber de volta.
G1

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