Atirador de chacina em bordel pede perdão à família: ‘Não sou criminoso’

Publicado em 24 de dezembro de 2016

matador6“Não sou criminoso”. A frase foi repetida diversas vezes pelo cabeleireiro William Roberto Ferreira Costa, de 27 anos, durante depoimento à Polícia Civil. Suspeito da chacina que deixou seis mortos em um bordel em Jaboticabal (SP), Costa foi preso na quinta-feira (22) e afirmou que está arrependido.
O revólver usado no crime ainda não foi encontrado pelos investigadores, mas, segundo relato do suspeito, está em um canavial próximo à casa de prostituição. O cabeleireiro foi transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Taiúva (SP) nesta sexta-feira (23), onde deverá cumprir a prisão preventiva.
“Estou totalmente arrependido. Não posso voltar a vida de ninguém. Mas, eu mesmo vi meu erro, vi o que tinha feito, me entreguei, não fugi. Vou pagar pelo meu erro. E as famílias, eu lamento muito. Não queria, mas, infelizmente, aconteceu”, afirmou o suspeito.
O suspeito destacou que não tem antecedentes criminais e que é lutador profissional de MMA. Costa também disse esperar o perdão da mulher e dos filhos, uma menina de 4 anos e um menino recém-nascido. “Eu espero que me perdoem e tenham força”, completou.

Motivação
Segundo o delegado Wanderley Santos, testemunhas afirmaram que Costa ficou irritado, após ser rejeitado pela garota de programa Dione da Silva Lima, de 30 anos, que já estava acompanhada. Por esse motivo, o suspeito pegou um revólver no carro e passou a disparar contra as pessoas que estavam no local.
Além de Dione, também foram baleados e mortos a dona do bordel, Leonilda Lucindo, de 72 anos, a neta dela, Elaine Cristina Lucindo da Silva, de 29 anos, o empresário Anderson Ricardo Montendor, de 37 anos, o barman Zacarias Castor Ataídes, de 55 anos, e outra prostituta, Maria Lucia do Carmo Alvarenga, de 46 anos.
Costa negou a versão da polícia. O cabeleireiro confirmou que estava com Dione em uma mesa no salão principal, quando o empresário interrompeu a conversa e levou a garota de programa a um dos quartos. Nesse momento, outro homem teria se aproximado, fazendo menção de estar armado. Ele então imobilizou o rapaz e tirou a arma da cintura dele.
“Ele saiu do balcão, veio ao meu encontro, pôs a mão aqui [aponta para a cintura], daí eu já abracei ele, porque eu não sabia o que ele tinha ali. Não sabia se era um revólver, uma faca. Minha intenção era só desarmar ele, mas, do jeito que ele veio, foi muito estranho. Foi uma reação de me defender. Eu atirei, só que ele saiu correndo”, disse em depoimento.
O suspeito não explicou ao delegado o motivo de continuar atirando nas demais vítimas, uma vez que o homem já tinha fugido do local. Costa também afirmou que jogou os projéteis deflagrados por cima do muro do bordel, mas nenhuma das cápsulas foi encontrada pelos investigadores.
“Eu atirei primeiro nele, sem saber, só pela reação, instintivamente. Os outros foi (sic)… Não sei, sabe?! Eu estava com a arma na mão e a adrenalina muito alta, porque eu estava tremendo, e aí atirei. As pessoas se mexia (sic) e o meu instinto era, enquanto eu podia, ir apertando o gatilho. Estava nervoso”, afirmou Costa.

Contradição
Para o delegado, a versão apresentada pelo atirador não condiz com a verdade. Santos afirmou que os relatos do cabeleireiro foram contraditórios em diversos momentos, principalmente, quando contou como matou Dione e o empresário, que estavam em um dos quartos do bordel.
“Quando eu pergunto qual é a motivação, ele responde ‘não sei’. Não teve motivação. Foi ira, enfim, ele menciona algum sentimento, mas não teve motivação expressa. São nove testemunhas, todas elas ouvidas separadamente, com muita responsabilidade, que falam coisas diferentes do que ele está sustentando”, disse.
Ainda de acordo com Santos, a polícia ainda sustenta a hipótese inicial de que Costa ficou irritado com o fato de Dione estar acompanhada do empresário. Além disso, as testemunhas também confirmaram em depoimento que o revólver pertencia ao atirador e estava guardado no carro dele.
“Como é uma situação de homicídio por motivo fútil, banal, torpe, a gente não pode acreditar que uma pessoa pegue uma arma e saia atirando a esmo. Então, existe uma investigação que vai corroborar, comprovar e confrontar todas as versões e todos os detalhes que a gente tem”, completou o delegado.
G1

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