Campina Grande completa 154 anos respirando cultura

Publicado em 11 de outubro de 2018

Imortalizada nos versos de grandes poetas e em canções de inúmeros artistas desta terra, Campina Grande completa nesta quarta-feira (11) 154 anos de emancipação política, com uma história cheia de lutas e vitórias. O açude velho da cidade é o cartão postal e patrimônio histórico mais visitado e querido dos turistas e campinenses, ponto de encontro de praticamente todas as gerações que viveram e vivem na “Rainha da Borborema”. Localizado no centro do município, além da beleza nos fins de tarde, o local é povoado de grandes histórias e mitos que constroem a memória de Campina Grande, como ‘o jacaré do açude velho’, as famosas micarandes, os antigos comícios e carretas políticas, as corridas de atletismo, os encontros de tropeiros, entre tantos outros eventos que se concentravam nas imediações do reservatório construído no final da década de 1830, como resposta à seca que assolou a região entre 1824 e 1828.

Segundo o historiador Leônidas Mendes, mesmo antes da construção da represa, a água ali existente era utilizada por tropeiros, feirantes e populares para uso humano e animal, seja para abastecimento doméstico ou para outras utilidades. “Em 1841, o Açude Velho passou por uma ampliação, se tornando o principal responsável pelo abastecimento de água da cidade e importante fator para a consolidação das feiras de gado e farinha realizadas semanalmente em Campina Grande e que acabaram por se constituir na base do desenvolvimento comercial da cidade. Então além de ser o cartão postal do município, o açude também é um marco histórico do desenvolvimento”, explicou Leônidas.

Entre os anos de 1960 e 2010, a área do Açude Velho passou por obras de urbanização, como a inauguração do monumento dos Pioneiros da Borborema (1964), a construção do “calçadão”, a inauguração do Parque da Criança (1993), a inauguração do monumento Farra de Bodega (2003), do Museu de Arte Popular da Paraíba, também conhecido por Museu dos Três Pandeiros (2012) e, mais recentemente, do memorial em comemoração aos 150 anos do município.

Outro ponto importante é que ao redor do açude velho localizam-se os principais monumentos e museus que ajudam a contar boa parte da história da Rainha da Borborema. “Pra conhecer Campina Grande basta ir no açude, não porque é uma cidade pequena e só tenha isso pra ser visto, mas porque ali a gente conhece a história desde os tropeiros até a modernidade e alta tecnologia desenvolvidas nas universidades daqui. É só entrar em algum museu, observar os monumentos, perguntar a quem sabe. É tudo lindo. Sou uma pernambucana apaixonada por essa cidade que me acolheu tão bem, que meu deu um esposo maravilhoso, dois filhos lindos, netos estudiosos. No aniversário dessa cidade eu só tenho a agradecer”, disse a comerciante Sandra Lima.

A enfermeira Kátia Figueiredo conta que, para ela, o açude velho é um lugar de paz. “Claro que hoje a violência está por toda parte, mas caminhar às margens do açude velho me faz esquecer os problemas, principalmente no final da tarde, porque a beleza de um pôr do sol no açude de Campina Grande é única, indescritível”, pontuou. Nos fins de tarde e início de noites campinenses, várias pessoas se concentram no ponto turístico para caminhar, praticar atividades físicas ou simplesmente bater papo com os amigos.

Onde todos se encontram
Com 154 anos de emancipação política completados nesta quarta-feira (11), a Rainha da Borborema ainda é famosa não só por seus lugares históricos, mas também por diversos personagens que compõem a trilha sonora e dão vida às principais ruas, avenidas e praças da cidade. Quem chega ao chamado ‘Calçadão Cardoso Vieira’, por exemplo, percebe que ali é um dos locais de encontro de artistas, boêmios, jovens, aposentados, turistas, engraxates e vendedores ambulantes.

“Tem de tudo um pouco. A tradição sempre aliada ao que é novo. Aliás, o bom de Campina Grande é isso, o clima de cidade universitária que está sempre se renovando, mas que nunca perde suas origens”, disse o engenheiro civil Renato Avelar, 63 anos, enquanto têm seus sapatos engraxados por José Antônio dos Santos Silva, 34 anos.

O Calçadão Jimmy de Oliveira, que é conhecido por Calçadão Cardoso Vieira ou simplesmente calçadão, foi criado em 1975, pelo prefeito Evaldo Cruz. Fica localizado no Centro de Campina Grande, na Rua Cardoso Vieira, entre as Ruas Venâncio Neiva e Marquês do Herval. O historiador e jornalista Thomas Bruno Oliveira conta que, quando inaugurado, o calçadão se chamava Flórida, em alusão a uma sorveteria que havia no espaço. Só em 1978, após um acidente na construção civil com o jovem Jimmy Oliveira, o nome foi modificado.

“Apesar de ser chamado de Calçadão Cardoso Vieira, até hoje o nome é o de Jimmy Oliveira, que virou patrono do local. Ele era um cidadão bem animado, se envolvia em várias questões sociais da cidade e era torcedor do Campinense, por isso decidiram fazer essa homenagem. Outro ponto importante da história é que na Gestão do prefeito Enivaldo Ribeiro, o calçadão foi alargado para as Ruas Venâncio Neiva, Maciel Pinheiro e 7 de setembro, mas em decorrência do comércio informal no grande espaço, em fins dos anos 80, reclamações culminaram com a redução do lugar para seu tamanho original, na época do prefeito Félix Araújo”, lembrou o historiador.

No local, bastante arborizado, amigos se reúnem para falar de política, economia, futebol, entre outros assuntos. “Aqui tudo vira pauta pra uma boa conversa. E quem vem para trabalhar, aproveita o lazer dos demais para oferecer um polimento nos sapatos ao preço de apenas cinco reais”, conta José Antônio, que desde os 12 anos de idade trabalha como engraxate.

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