Decisões do novo governo argentino provocam alta nos preços e fazem a inflação disparar

Publicado em 27 de dezembro de 2023

Na Argentina, o fim do controle de preços e a desvalorização da moeda em relação ao dólar tiveram um impacto na inflação.
Adesivos com números brancos sobre os antigos preços que estavam em preto. O quadro de giz também é uma solução para uma Argentina que viu a inflação disparar em dezembro.
“Os preços estão descontrolados”, afirma um argentino.
Lorena diz que é uma loucura, que os aumentos são diários, que um dia está um preço e no outro já mudou: “Continuamente. Passa a manhã e o preço já aumentou. Passa o outro dia, é outro”.
Consultorias apontam que os preços subiram em média de 25 a 30% em dezembro. Em novembro, a alta havia sido de 12,8%. No discurso de posse, o presidente Javier Milei havia dito que as primeiras medidas que o governo tomaria fariam que a inflação aumentasse ainda mais.
O novo governo decidiu que não iria mais represar ou controlar os preços da economia. Colocou fim ao tabelamento de itens básicos nos supermercados. Também desvalorizou o peso em 54% para que se aproximasse da cotação das ruas.
Uma argentina entrevistada diz que está tudo muito caro. O macarrão, arroz, leite… Isso que ela foi num supermercado que, em teoria, é barato, mas que ela se surpreendeu com os preços.
O macarrão, por exemplo, subiu de 350 pesos a 1000 em um mês.
O preço da massa para pizza mais do que dobrou desde o fim de novembro. O óleo de girassol subiu 400%, agora custa 4.105, equivalente a 25 reais; e a embalagem de café solúvel, 57%.
Maximiliano, que trabalha num açougue, disse que percebeu que houve queda no consumo de carne. Deu para notar bastante que as pessoas buscaram cortes mais econômicos.
O economista Hernán Letcher explica que, no caso da carne, a desregulação da economia faz com que preço local passe a ser o mesmo do preço internacional, já que os produtores podem vender para o mercado local ou exportar. E que isso teve muito efeito sobre os preços nos últimos dias.
Economistas afirmam que ao longo dos últimos anos, a Argentina passou por diferentes programas de controle de preços e congelamentos que, no máximo, impediram uma inflação ainda maior.
O novo governo diz que quer acabar com essas distorções na economia e cortar gastos públicos para combater a inflação.
O economista Hernan Letcher pondera que essa desregulação da economia, somada à desvalorização e a política de cortes públicos, irá pesar nos bolsos dos assalariados argentinos e que os aumentos de salário não conseguem acompanhar. A perda de poder aquisitivo impacta de uma forma maior nas pessoas que ganham menos.
O mega decreto de desregulação da economia tem 366 artigos e entrará em vigor na sexta-feira (29). O decreto se manterá vigente enquanto o Congresso analisa o texto. Os parlamentares não podem sugerir mudanças, ou é aprovado na íntegra, ou rechaçado.
Ao menos 10 ações de inconstitucionalidade já foram apresentadas à Justiça para barrar o decreto.
Durante a tarde desta sexta, o presidente argentino publicou um novo decreto, demitindo 7 mil funcionários públicos que foram contratados em 2023.

G1

Banner Add

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial