Duas pessoas morrem em desabamento de prédios na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio

Publicado em 12 de abril de 2019

Dois prédios desabaram na Muzema, comunidade na Zona Oeste do Rio, na manhã desta sexta-feira (12). De acordo com os bombeiros, ao menos duas pessoas morreram e outras seis ficaram feridas. Bombeiros vasculham os escombros para tentar localizar outras vítimas. Ao menos 17 desaparecidos foram listados por parentes e moradores.
Os imóveis teriam entre quatro e seis andares, segundo as primeiras informações. Segundo a prefeitura, são construções irregulares e já haviam sido interditadas e uma liminar impediu que fossem demolidas.

Resumo:
•    Dois prédios desabaram em área perto de mata
•    2 mortos: um homem e uma criança
•    6 pessoas feridas
•    Ao menos 17 possíveis vítimas sendo procuradas
•    Prefeitura informou que construções são irregulares e foram interditadas
•    A comunidade da Muzema é controlada por milicianos
•    Região foi muito afetada pelo temporal do início da semana

“Essas edificações estavam em loteamento irregular. A Prefeitura do Rio já havia comunicado ao Ministério público e tentado interditar, mas infelizmente, uma liminar judicial impediu a demolição desses prédios e as obras continuaram. Estamos aqui com a nossa equipe trabalhando para tentar resgatar as pessoas dos escombros. Fica para todos nós uma lição: Quando a Prefeitura alertar sobre esses riscos, vamos dar ouvidos para que isso não aconteça nunca mais”, disse o prefeito Marcelo Crivella, que foi para o local do acidente.
O desabamento aconteceu por volta das 7h desta sexta-feira (12). Não chovia no momento. Uma das construções teria quatro andares e outra, seis. A área de isolamento foi ampliada pelos bombeiros, que consideram que outros prédios da região podem ir abaixo. Há um forte cheiro de gás.
Segundo o repórter Genilson Araújo, há cerca de 60 prédios em construção na região, que é dominada por milícias. Reportagem do RJ2 mostrou que os criminosos atuam na construção e venda de imóveis irregulares.
Os moradores dos prédios que desabaram disseram que eles foram inaugurados há seis meses.

Feridos
Entre os feridos, está uma família que se mudou há uma semana para o local: um casal e uma filha de 10 anos. Os três foram levados para o Hospital Municipal Lourenço Jorge.
Um morador que foi retirado dos escombros chorou muito ao encontrar com a neta. A mulher dele ainda está nos escombros.
Os bombeiros pedem que todos ao redor façam silêncio, para que possam ouvir possíveis pedidos de socorro.
O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, está na região para acompanhar os trabalhos de resgate. O governador Wilson Witzel lamentou o incidente em uma rede social.
Relatos de moradores e vizinhos
Uma mulher, que se identificou como Érica, contou que tentava encontrar a mãe nos escombros. O padrasto conseguiu sair prédio.
“Meu padrasto está vindo pra cá, mas a minha mãe está gritando ali. Os moradores que estão ajudando foram até ali e ouviram uma senhora gritar exatamente no quarto dela”, disse a moradora.
De acordo com ela, os moradores estavam preocupados com as consequências da chuva e o andamento das construções.
“Eles construindo sem fim, sem parar. Uma construção atrás da outra, uma loucura. Era retroescavadeira, explosões constantes. Só querem construir e vender”, afirmou a moradora.
Edvaldo, morador do primeiro andar do prédio, disse que teve que correr para conseguir escapar. Ele tem escoriações na perna.
“Eu estava no quarto, aí corri para a sala. Quando eu cheguei lá, desmoronou tudo em cima de mim. Foi muito rápido. Passou um pó branco, muita poeira”, destacou Edvaldo.
Outro morador, chamado Ronaldo, contou que as construções são novas. “De repente foi um estrondo, foi tudo de uma vez. Do nada começou a desmoronar”, explicou.

Chuvas
A Muzema foi uma das áreas mais atingidas pelo temporal que caiu no Rio. A cidade está em estágio de crise desde segunda-feira (8). O desabamento aconteceu em uma das áreas mais elevadas da comunidade, perto da mata.
Na manhã de quinta-feira (11), a principal avenida de ligação do bairro, que também dá acesso ao Rio das Pedras, continuava alagada e interditada.
Fotos: Reprodução TV Globo e José Lucena/Futura Press/Estadão Conteúdo
G1

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