Em PE, superobeso melhora quadro mas ainda não pode ser operado

Publicado em 13 de agosto de 2015

O paraibano Carlos Antônio Freitas, que tem 28 anos e chegou ao Recife pesando 420 kg, já está curado da infecção urinária, apresentou uma melhora nas feridas da pele e conseguiu reduzir em cinco centímetros o diâmetro do braço. As informações foram apresentadas, na manhã desta quarta-feira (12), pela equipe médica do Hospital das Clínicas (HC), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que prepara o jovem para a cirurgia bariátrica.
Carlinhos, como é conhecido, chegou ao Recife no último 9 de julho e foi internado no HC para dar início ao tratamento de emagrecimento. Por causa do peso do paciente, a equipe não consegue medir a redução em uma balança. A avaliação é feita com medições de partes do corpo, como braços e punhos, além de um registro fotográfico. “Ele tem problemas cardiológicos e respiratórios, não consegue respirar”, explicou o chefe da Cirurgia Geral do HC, Álvaro Ferraz, destacando que a situação é normal para quem é superobeso.

Desnutrido
Até agora, as principais mudanças na vida de Carlinhos são na alimentação. De acordo com a nutricionista Cristiane Marrocos, ele costumava ingerir cerca de 8 mil calorias diárias, com muitas gorduras e carboidratos. “Fizemos restrições calóricas e conseguimos oferecer 50% da dieta habitual. Ele tinha um quadro de desnutrição, apesar da obesidade, pela carência de nutrientes como a proteína. Por isso estamos fazendo uma dieta associada ao uso de suplementação”, explicou. Hoje, Carlinhos ingere 4 mil calorias diárias – o dobro de uma dieta normal. Cristiane diz que, mesmo assim, o jovem ainda não saiu do quadro de desnutrição. “A ideia é reduzir mais a oferta calórica dele”, explicou.
Carlinhos está sendo acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “Além da nutricionista, temos enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeuta, psicólogo, psiquiatra, terapeuta ocupacional, além do acompanhamento da cirurgia plástica e geral, endócrino, dermatologia, assistente social, por exemplo”, citou médica Ana Caetano, gerente de atenção à saúde do hospital.
Com a equipe médica, o jovem também está fazendo exercícios, com a fisioterapia e a terapia ocupacional. De acordo com Ana Caetano, foi desenvolvido um equipamento com alças para ajudar o jovem a se levantar e andar. “É um suporte fixado em torno da cama para ele fortalecer os músculos, mas a gente não sabe com que previsão isso pode acontecer [ele levantar]”, comentou.
O desafio agora é secar as feridas na pele, que receberam curativos. Segundo Caetano, uma equipe com oito pessoas é mobilizada diariamente para conseguir dar banho em Carlinhos. A estimativa inicial era de que a cirurgia bariátrica fosse realizada entre 6 e 8 meses. Mas como apontou Álvaro Ferraz, não há como prever em quanto tempo o jovem deve ter condições médicas de ser submetido ao procedimento.

Comportamento
Nesta quarta-feira (12), os médicos também contaram um pouco sobre o comportamento de Carlinhos. De acordo com os profissionais, ele tem um déficit cognitivo e se comporta como uma criança. “É pela forma como ele foi criado. Ele foi acostumado com essa coisa de comer muito”, explicou a média Ana Caetano.
Segundo ela, o jovem é agitado, mas bastante carismático com todos. “Ele te conhece, se lembra de você, cria laços”, disse. “A psiquiatria tem visitado ele e receitado medicações, então ele está mais centrado, mais tranquilo. Ele joga videogame, damas, joga bola com a equipe de fisioterapia”, contou ainda Caetano.

Entenda o caso
O paraibano Carlos Antônio Freitas tem 28 anos e pesava 420 quilos ao chegar ao Recife. Ele morava em Patos, no Sertão da Paraíba, e tem diversos problemas de saúde por causa do peso. De acordo com o médico Pedro Augusto Dias, que acompanha o caso há cinco anos, Carlinhos tem diabetes, pressão alta, problemas respiratórios, de pele e urinários. Também devido ao peso, o jovem não consegue se deitar ou andar e vivia há mais de dois anos sentado no chão da sala de casa.
Segundo a mãe de Carlinhos, Cacilda dos Santos, o jovem apresenta aumento no peso desde pequeno, mas a situação se tornou crítica a partir da adolescência. “Depois dos 15 anos que ele foi ganhando peso muito rápido”, disse. Cacilda explicou ainda que o filho sofre também de problemas mentais e tem compulsão por comida. “Ele pede comida de instante em instante. Se eu fosse dar, ele não estava mais nem aqui”, comentou.
Paraiba1

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