Escutas indicam que padre desviou R$ 2 milhões para comprar cobertura

Publicado em 10 de outubro de 2015

padreEscutas telefônicas mostram que o padre coronel Osvaldo Palópito, preso em maio deste ano por suspeita de ter desviado R$ 2 milhões doados por fiéis à igreja, teria usado dinheiro para comprar uma cobertura de luxo no litoral de São Paulo. Ele foi solto em setembro e responde ao processo em liberdade.
Até o ano passado, padre Palópito comandou a Capela Militar de Santo Expedito, em São Paulo, e acumulava o cargo de coronel e rezava missas. As escutas obtidas pelo Jornal da Globo também mostram que ele pedia a mulheres para “darem em cima” dele e “ficarem nuas”.
Segundo o Ministério Público Militar, o dinheiro desviado dos fiéis teria sido usado para comprar imóveis, entre eles uma cobertura em um condomínio de luxo no litoral de São Paulo.
Em uma das escutas telefônicas utilizadas na investigação, o padre fala sobre compra de imóveis de luxo com um amigo.
“Padre: Tem apê ainda de 750 paus.
Amigo: 750 só? É hora de comprar pra se vender por R$ 3 milhões. A minha vontade é vender a cobertura aqui e comprar uns quatro lá.
Segundo o promotor de Justiça Militar Marcelo Alexandre de Oliveira, o padre não conseguiria comprar apartamentos e carros com seu salário.
“Tinha um salário razoável, mas que não lhe permitiria ter uma cobertura avaliada em mais de R$ 2 milhões, vários carros, imóveis, apartamentos”, disse.
Um padre que foi testemunha no processo contou à investigação que uma conta secreta era usada para desviar o dinheiro dos fiéis.
“Padre: Porque essa outra receita ia para o coronel.
Juiz: O senhor ia pessoalmente na boca do caixa?
Padre: Isso.
Juiz: O senhor ia quantas vezes por semana?
Padre: Vamos colocar, assim, diariamente.
Juiz: E as quantias eram determinadas ou eram variadas?
Padre: Eram variadas”, diz escuta.
À Justiça Militar, o padre negou as acusações. “Tenho plena consciência de que nunca precisei de um centavo da igreja. Pelo contrário, quando pude ajudar, eu ajudei. Meu patrimônio não chega a metade do que eu ganhei trabalhando na polícia”, disse no processo.
Segundo o Ministério Público Militar, o padre rezava missa na Capela de Santo Expedito toda semana, mas o comportamento dele fora da igreja era bem diferente do que ele pregava para os fiéis.
Em uma conversa com uma amiga, o padre nega que tenha tido relacionamento com uma mulher, mas confessa que pediu para as filhas darem em cima dele. “Padre: É maldita, é maldita. É horrorosa, ela é feia. Eu falei para ela: fala para as suas filhas ‘dar’ em cima de mim, não você que é horrorosa. Lembra disso?
Amiga: Eu lembro.”
Em outra conversa com a amiga, ele conta que pediu para que a filha de outra mulher ficasse nua. “Padre: O que ela falou?
Amiga: Falou para mim que o senhor que agarrou ela e jogou na mesa.
Padre: Filha da puta. Filha da puta. Ela me agarrou. Eu falei: a sua filha, sim, é uma gracinha. Fala para ela ficar nua perto de mim, não você”, diz padre em ligação telefônica.”
O comportamento em relação a mulheres ainda não é alvo da ação militar. Para o promotor Marcelo, o comportamento dele é diferente do esperado para padres e coronéis.
“Não é o comportamento que se espera de um padre como não é o comportamento que se espera de um comandante de uma unidade da Polícia Militar”, disse.
O advogado do padre Osvaldo disse ao Jornal da Globo que o cliente é inocente em relação ao desvio de dinheiro dos fiéis. Quanto ao comportamento em relação a mulheres, ele afirmou que não comentaria porque não faz parte do processo.
Em nota, o Ministério da Defesa, responsável pela capela militar, disse que vai analisar o caso, de acordo com as normas da igreja e que as conclusões serão enviadas ao Vaticano.
A Polícia Militar de São Paulo abriu processo administrativo que pode resultar na expulsão do padre.
G1

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