Ex-comandantes da FAB e do Exército confirmam plano golpista de Bolsonaro

Publicado em 16 de março de 2024

Os ex-comandantes do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB) confirmaram em depoimento à Polícia Federal que presenciaram reuniões em que o então presidente Jair Bolsonaro (PL) buscava alternativas e pressionava para dar um golpe de Estado. Nos depoimentos, tornados públicos por decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes, nesta sexta, 15, e analisados pela coluna, os dois militares fizeram relatos semelhantes sobre as articulações para intervenção no País. Entre os objetivos, o plano previa instaurar um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e “apurar a conformidade e legalidade do processo eleitoral” de 2022.
Segundo consta nos depoimentos, o general Marco Antonio Freire Gomes, que comandava o Exército, e do tenente-brigadeiro Carlos Baptista Júnior, que comandava a aeronáutica, Bolsonaro propôs alternativas judiciais para um golpe. Ambos disseram ao presidente que se opunham à uma ruptura. O ex-comandante da Marinha, almirante Garnier Santos, também foi chamado a depor sobre a investigação, mas ficou em silêncio.
O ex-comandante Baptista Jr afirmou que a partir de novembro de 2022, participou de diversas reuniões com Bolsoanro e a cúpula das Forças Armadas. Eles afirmaram que em duas reuniões, em 7 de dezembro, e 14 de dezembro, foram apresentadas versões da minuta para o golpe. Neste segundo encontro, relatam, foram chamados pelo então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.
Consta no depoimento do tenente-brigadeiro Baptista Jr, que “que nas reuniões com os comandantes das Forças e com o Ministério da Defesa, o então presidente da República, Jair Bolsonaro, apresentava a hipótese de utilização da Garantia da Lei e da Ordem – GLO e outros institutos jurídicos mais complexos, como a decretação do Estado de Defesa para solucionar uma possível ‘crise institucional'”.

Tropas da Marinha
O ex-comandante da FAB declarou que “que em uma das reuniões com os comandantes das Forças, após o segundo turno das eleições, dentro do contexto apresentado pelo então presidente Jair Bolsonaro, de utilização dos institutos, de GLO e defesa, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, afirmou que colocaria suas tropas à disposição de Jair Bolsonaro”. A coluna não conseguiu contato com Garnier, o espaço está aberto à manifestação.

Prisão de Bolsonaro
Em outro trecho do depoimento Baptista Jr., disse que “em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO), ou Estado de Defesa, ou Estado de Sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”.
Em seu depoimento, Freire Gomes não disse que prenderia Bolsonaro. Há um relato semelhante em que ele afirma ter dito ao presidente que o presidente estaria sujeito “responsabilização penal” e que “”sempre externou ao então presidente da República , nas condições apresentadas, do ponto de vista militar, não haveria possibilidade de reverter o resultado das eleições”. Ele contou que uma mesma versão da minuta do golpe, apreendida na casa do ex-ministro Anderson Torres (Justiça), foi apresentada na reunião por Bolsonaro.
Em depoimento à PF, Anderson Torres negou que tenha produzido a minuta do golpe e que “jamais levou aquele texto ao conhecimento do então presidente da República ou de qualquer pessoa”. Desde o início das investigações, Bolsonaro nega que tenha comido crimes ou estimulado um golpe de Estado.

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil / Estadão
Por Guilherme Mazieiro
Terra

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