Família diz que PM matou menor por confundir pipoca com drogas

Publicado em 1 de julho de 2016

A morte de Jhonata Dalber Matos Alves, de 16 anos, está sendo investigada como homicídio, segundo o titular da Divisão de Homicídios (DH) da Polícia Civil, delegado Fábio Cardoso. O rapaz foi atingido por um tiro na cabeça, na noite de quinta-feira (30), no Morro do Borel, Tijuca, na Zona Norte do Rio. Parentes do rapaz afirmam que Jhonata foi morto porque policiais militares confundiram saquinhos de pipoca que ele tinha nas mãos com drogas. O avô do rapaz esteve no IML nesta sexta e fez um desabafo emocionado.
Os policiais militares, que faziam uma operação na favela, já prestaram depoimento sustentaram a versão de que Jhonata foi baleado ao ficar no meio de uma troca de tiros com traficantes locais. Os PMs disseram ainda que o adolescente estava armado.
“O caso está sendo investigado como homicídio. A equipe da DH foi ao local onde teria havido o confronto entre policiais e marginais e fez a perícia. Não foi encontrado nenhum saquinho de pipoca no local. Os PMs disseram que ainda Jhonata estava com uma arma, mas essa arma não foi encontrada. O que vamos apurar é se esse confronto realmente existiu e se o Jhonata participou dele”, disse Fábio Cardoso, que também ouviu parentes e amigos do jovem. “Ele gostava de ficar em casa, tomava conta dos irmãos para que a mãe trabalhasse. Ele nunca foi traficante, nunca andou armado”, disse o primo e padrinho de Jhonata, William Antunes, de 37 anos.
De acordo com o comando do 6º BPM (Tijuca), o tiroteio no Borel começou quando dois homens que passavam de moto foram abordados por policiais militares e acabaram sofrendo uma queda. Após cair, um dos homens atirou contra os PMs, seguido de outros suspeitos, que estariam num beco próximo e também abriram fogo.
O avô do adolescente, Antônio Alves, que esteve no Instituto Médico Legal (IML) na manhã desta sexta-feira (1) para liberar o corpo do neto, também rebateu a versão dos PMs.
“Não tinha confronto nenhum, é mentira deles. A única coisa que meu neto foi fazer no morro foi ir à casa da tia para pegar uns saquinhos de pipoca, que a mãe dele tinha pedido, porque hoje era a festa na escola do irmão menor dele. Vocês nem queiram sentir o que minha filha e eu estamos sentindo. É triste você criar um filho, um neto, e ver ele acabar assim, na mão de qualquer polícia. Por que não rendeu meu neto, não mandou ele parar em vez de dar tiro?”, afirmou, aos prantos.
Testemunhas contaram que, após a confirmação da morte de Jhonata, algumas pessoas tacaram fogo em montanhas de lixo na Rua São Miguel, que margeia o morro, e jogaram pedras em policiais. A PM interditou essa rua e uma parte da Rua Conde de Bonfim, uma das principais da Tijuca. O Batalhão de Choque foi chamado para reforçar a segurança no bairro.
G1

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