Filmes lembram os 30 anos da queda do Muro de Berlim

Publicado em 11 de novembro de 2019

Ele estava ali havia 28 anos. Uma geração inteira não conhecia o mundo sem ele. Havia quase três décadas, ele mantinha separados famílias e amigos. A Alemanha eram duas, ocidental (capitalista) e oriental (comunista), e Berlim também. A cortina de ferro deixou de ser figurativa para ganhar uma metáfora visível e palpável quando o Muro de Berlim foi erguido, do dia para a noite, em 13 de agosto de 1961.
Eram 3,5 metros de altura, mais de 100 km de placas de concreto, cabos de aço, cercas elétricas, torres de observação, que cercavam inteiramente Berlim Ocidental para impedir a fuga dos alemães orientais (centenas morreram tentando) e a circulação de espiões ocidentais.
A abertura política da URSS conhecida como Glasnost gerou uma onda de liberdade e mudanças no bloco comunista da Europa. Protestos abalaram o governo da Alemanha Oriental, que foi obrigado a anunciar a permissão de viagens para o lado ocidental.
Esse anúncio levou milhares de pessoas à fronteira dos dois lados da cidade. Os guardas não atiraram. As pessoas começaram a atravessar para o outro lado. E a população começou a destruir, ela própria, o Muro de Berlim.

Ponte dos Espiões (2015)
O filme de Steven Spielberg, estrelado por Tom Hanks, volta aos tempos da guerra fria para contar a história real do advogado americano recrutado para defender um espião soviético (Mark Rylance, Oscar de ator coadjuvante) e acaba ajudando a negociar uma troca com um espião americano capturado na URSS.
Essa negociação se dá na Berlim Oriental, em 1961, do outro lado do recém construído muro. Spielberg filmou cenas no que restou do muro (diversos pedaços estão ainda por Berlim, para que não se esqueça) e disse que pensou, ao olhá-lo: “Isso realmentre aconteceu? Berlim foi realmente dividida assim?”.

Cupido não tem Bandeira (1961)
A comédia de Billy Wilder mostra o diretor de uma fábrica da Coca-Cola em Berlim Ocidental às voltas com a filha do dono enamorada por um comunista da Berlim Oriental. A trama se passa antes da construção do muro, quando era possível transitar entre os dois lados. A produção, filmando na capital alemã, foi surpreendida com a construção do muro e teve que terminar as filmagens em Munique.

Adeus, Lênin (2003)
Uma mulher da Berlim Oriental entra em coma e, quando volta a si, em 1990, as Alemanhas foram reunificadas e sua amada Alemanha Oriental não existe mais. Seu filho, vivido por Daniel Brühl, com medo que ela não sobreviva ao impacto, arma toda uma ambientação para que a mãe não descubra que tudo mudou. O filme de Wolfgang Becker usou CGI para “desocidentalizar” a parte oriental de Berlim.

A Vida dos Outros (2006)
A Stasi era a polícia secreta da Alemanha Oriental. Um agente encarregado de plantar escutas e monitorá-las, vigia um escritor e sua namorada e acaba sendo absorvido pela vida deles. O filme se passa em 1984, mas avança até a queda do muro e depois, em uma cena em uma livraria chamada… Karl Marx. Oscar de filme estrangeiro.

Atômica (2017)
Naturalmente, muitas produções que se passam em Berlim Oriental são filmes de espionagem. Este, estrelado por Charlize Theron e baseado em uma história em quadrinhos, é um dos mais recentes. A personagem de Charlize é uma espiã britânica encarregada de investigar a morte de um colega em Berlim, dias antes da queda do muro.

O Espião que Saiu do Frio (1965)
No filme de Martin Ritt, o agente britânico vivido por Richard Burton aceita uma última missão em Berlim Oriental, mas se relaciona com uma bibliotecária comunista, o que complica as coisas. O filme é baseado em livro de John Le Carré que trabalhou para o serviço secreto britânico em Berlim, quando o muro foi erguido.
*Texto de Renato Félix, do Jornal Correio

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