Grupo em carro e moto fez a maioria dos ataques em Osasco, diz secretário

Publicado em 15 de agosto de 2015

O secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse nesta sexta-feira (14) que, na maioria dos ataques ocorridos em Osasco, na Grande São Paulo, os criminosos usaram um carro prata e uma motocicleta preta. Os policiais têm uma imagem do automóvel, registrada por uma testemunha. Pelo menos seis pessoas participaram das mortes na cidade.
As investigações afastaram a ligação de uma morte ocorrida em Itapevi com os ataques em Osasco e Barueri. Com isso, são 18 as mortes que podem estar relacionadas: 15 em Osasco, onde houve 8 ataques, e três em Barueri, em dois locais diferentes.
Segundo o secretário, um outro carro foi identificado nos dois ataques em Barueri, mas é possível que os assassinatos estejam relacionados com os de Osasco.
“Não foram as mesmas pessoas em Osasco e Barueri, mas ainda não podemos descartar a possibilidade de ser um único grupo repartindo os executores”, afirmou.
A polícia já sabe que quatro criminosos usaram um Peugeot de cor prata em pelo menos cinco ataques em Osasco. Dois suspeitos em uma motocicleta preta também foram identificados em três locais de crimes. Em Barueri, as investigações mostram que os ataques foram feitos por criminosos em um Sandero prata.

Vítimas aleatórias
O secretário disse que não há ligação entre as vítimas. “Não há ligação entre elas. Seis dos 18 têm antecedentes variados: tráfico, roubo, lesão corporal, Maria da Penha, receptação.” Veja quem são os mortos.
A perícia vai analisar as cápsulas encontradas nos locais dos crimes para tentar estabelecer uma conexão entre as mortes.
Foram encontradas cápsulas de revólver calibre 38, 380 e pistola 9 mm – esta última é uma arma privativa das Forças Armadas. Também havia cartuchos de pistolas ponto 45. Foram localizados cinco projéteis intactos nos corpos.
Questionado sobre mensagens de toque de recolher espalhadas entre moradores na região, o secretário afirmou que tudo não passa de boato. “Há oportunistas de plantão que colocam áudios [com ameaças] na internet, no WhatsApp.”
Ele disse que a população “pode ficar absolutamente tranquila”. “Reforçamos com 43 viaturas da Rota, Força Tática e COE [Comando de Operações Especiais], com 86 policiais militares.”

Apurações
A polícia apura o elo entre os crimes e a morte de um PM e de um guarda civil nos últimos dias na região. Nenhum suspeito de participar dos ataques havia sido preso até a tarde desta sexta-feira (14).
“Não há uma hipotese principal de investigação, mas não é descartada a possível relação com dois outros latrocínios que ocorreram na sexta-feira passada [em Osasco] e o outro em Barueri”, disse o secretário. “Não descartamos nenhuma hipótese, e o envolvimento de policiais no caso deverá ser uma das teses possíveis levadas em consideração”, completou Alexandre de Moares.
Ao G1, o prefeito de Osasco, Jorge Lapas, já havia afirmado que a série de ataques pode ter relação com as mortes do PM e do guarda-civil neste mês. O PM foi atingido por 14 disparos quando chegava para fazer um “bico” em Osasco. Já o guarda foi baleado durante uma tentativa de assalto a uma adega, em Barueri.
De acordo com o prefeito, nos ataques desta quinta os matadores perguntavam se os alvos tinham ficha criminal. “Alguns vídeos que temos visto mostram que eles entraram encapuzados, perguntaram se as pessoas tinham antecedentes e atiravam nas que tinham.”
Dois suspeitos da morte do PM, ocorrida há uma semana em um posto de gasolina de Osasco, foram identificados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa. Eles estão foragidos, mas moram perto dos locais onde ocorreram os ataques.
Famílias das vítimas foram ao Instituto Médico Legal (IML) de Osasco para liberar os corpos na manhã desta sexta-feira. Em desespero, os parentes se diziam revoltados com a falta de segurança em seus bairros e afirmavam que seus familiares não tinham qualquer ligação com o mundo do crime.
Na força-tarefa criada pelo governo para apurar os ataques, trabalhará uma equipe de 50 policiais civis, sendo 30 do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) e 20 do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). Serão 12 peritos e 8 médicos legistas.

Onde ocorreram os ataques
Os ataques deixaram 18 mortos e sete feridos em Osasco e Barueri. Os crimes começaram às 20h30, em um bar no Jardim Munhoz Júnior, em Osasco, já perto do limite com Barueri. Quatro pessoas baleadas morreram no bar. Outras seis morreram pouco depois ao serem socorridas.
Uma testemunha contou ao Bom Dia São Paulo como foi a ação dos criminosos. “Chegaram dois carros com vários indivíduos, em frente ao bar. Não procuraram por ninguém. Chegaram aqui, bateram em todo mundo que eles viram e saíram correndo rapidamente, saíram rua abaixo e chegaram aqui embaixo, onde deram mais tiros em um pessoal que estava parado lá, também não acertou ninguém, mas foram embora”, relatou a testemunha, que não quis se identificar.
Vários ataques ocorreram nas horas seguintes em outras ruas de Osasco (veja no mapa abaixo). Segundo testemunhas, os ataques aconteceram até as 22h na cidade.
Já em Barueri, uma pessoa foi morta por volta das 22h15 na Rua Carlos Lacerda. Cerca de uma hora depois, outros dois homens foram assassinados a tiros na Rua Irene.
Vídeo obtido pelo Bom Dia Brasil mostra dois homens encapuzados entrando em um bar de Barueri. Eles rendem algumas pessoas. Há correria na hora dos tiros. Ao sair, os suspeitos seguem atirando.
Parte dos feridos foi levada para o Hospital Municipal de Barueri e para o Hospital Geral de Itapevi. Segundo o Bom Dia São Paulo, um dos sobreviventes baleado no rosto foi operado em Itapevi. Outro rapaz, atingido no abdômen, também passou por cirurgia e está em recuperação na unidade de Barueri.

Moradores relatam ataques
Mensagens de áudio compartilhadas pelo aplicativo Whastapp relataram os ataques em série na Grande São Paulo na noite de quinta-feira (14).
As gravações obtidas pelo G1 citam pessoas baleadas em diferentes pontos de Osasco, além da descrição de veículos usados por supostos atiradores e a chegada de mortos a um hospital.
“Vocês que estão em casa, não saiam mais de casa. Estou aqui no pronto-socorro com o meu avô e acabaram de chegar mais de 10 pessoas mortas porque teve uma chacina aqui no começo do [Jardim] Imperial”
“É um Palio prata e uma [moto] 300 [cilindradas] amarela. Dois caras na 300. Não sai para a rua não, está tenso. Mataram mais dois aqui”
“O barato é sério. Os caras pegaram uns oito aqui na final da [Avenida] Diretriz. Na Eurico [Avenida Eurico da Cruz] deram uns tiros ali também. Lá no [bairro Jardim] Helena [Maria]. Os caras tá (sic!) rodando com um Vectra preto, tá sentando o pau na rua ai. Vamos ficar em casa, de boa, ai pessoal”.
“Acabaram de matar mais três caras aqui na Eurico [Avenida Eurico da Cruz]. Dois aqui na pracinha, no começo, e outro aqui embaixo. Metralharam o moleque”.
Uma moradora ouvida pelo G1 disse que muitos alunos não foram para a escola na manhã desta sexta-feira (14). Ela relatou que a filha recebeu pelo Whatsapp fotos de algumas das pessoas mortas. O clima é de tensão. Ela mora próximo de um dos locais dos assassinatos em Osasco.
G1

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