Joe Biden aceita oficialmente a nomeação como candidato a presidente dos EUA pelo Partido Democrata

Publicado em 21 de agosto de 2020

Joe Biden aceitou oficialmente nesta quinta-feira (20) a nomeação como candidato do Partido Democrata a presidente dos Estados Unidos.
“É com grande honra e humildade que eu aceito sua nomeação”, disse Biden.
Biden fez críticas duras ao governo do presidente Donald Trump, que disputará a reeleição pelo Partido Republicano. Sem mencionar diretamente o nome do opositor, o democrata disse que os EUA passam por uma “temporada de escuridão”.
“Muita raiva, muito medo, muita divisão. Aqui e agora, eu dou a vocês minha palavra: se confiarem em mim a Presidência, vou trazer o nosso melhor, não o pior”, afirmou.
“Ele [Trump] acorda todos os dias acreditando que seu trabalho que é feito todo para ele, nunca para você. É essa a América que você quer, para sua família, seus filhos?”, questionou Biden.
O candidato também prometeu trabalhar duro “para aqueles que não apoiaram” a candidatura democrata. “É esse o trabalho de um presidente, representar todos nós, não só a base ou um partido.”
Biden criticou a “falta de planos” de Trump no combate à pandemia do novo coronavírus e disse que o presidente falhou em sua “obrigação mais básica”: proteger os americanos da doença. Ele afirmou também que baixaria uma ordem nacional de uso de máscaras e mencionou indiretamente a perda do filho, Beau Biden, morto em 2015 por um tumor cerebral.
“Eu tenho uma ideia do que é perder alguém que se ama. Eles sempre estarão com vocês”, disse, dirigindo-se às famílias das vítimas da Covid-19 nos EUA.
“Esta é uma eleição que vai mudar vidas. Vai determinar como a América vai aparecer por um longo, longo tempo”, disse Biden.
“Caráter está em jogo. Compaixão está em jogo. Decência, ciência, democracia, tudo isso está em jogo.”
O democrata também criticou a condução da economia por Trump — um aceno ao eleitorado que buscou o republicano em 2016 pela promessa de mais empregos para o país. Com alta no desemprego por causa da pandemia, Biden disse que, se eleito, vai impulsionar novos postos em áreas de energia limpa.
Em um aceno à ala mais progressista do Partido Democrata, Biden elogiou jovens ativistas. “Eles estão falando contra a desigualdade e a injustiça que cresceram nos EUA”, disse.
“Injustiça econômica, injustiça racial, injustiça ambiental. Eu ouço suas vozes. Se você ouvir, pode escutá-las também”, acrescentou.
Nesse tema, Biden mencionou a conversa que teve com Gianna, filha do ex-segurança George Floyd, morto em ação policial em maio e que gerou uma série de protestos pelo país.
“Ela olhou em meus olhos e disse: ‘Papai mudou o mundo’. Suas palavras foram fundo em meu coração.”
Em outro aceno, agora aos eleitores mais nacionalistas dentro do próprio partido, Biden afirmou que “não faria vista grossa” a ações da Rússia e afirmou que asseguraria que os EUA melhorariam a capacidade de produção em uma situação como a pandemia “para não ficar à mercê da China ou de outros países”.
O pronunciamento marca o fim da Convenção Nacional Democrata, iniciada na segunda-feira e que confirmou a chapa encabeçada por Biden e que tem a senadora Kamala Harris como candidata a vice-presidente.
Antes do discurso, filhos do candidato apresentaram em vídeo a trajetória pessoal de Biden e a carreira do democrata como político.
Por causa da pandemia, o democrata falou diretamente à câmera em um centro de eventos quase vazio em sua cidade natal, Wilmington, no Estado do Delaware, e não diante de uma multidão vibrante de delegados do partido, somando para o clima incomum de uma convenção conduzia remotamente por transmissões de vídeo.
Do lado de fora, apoiadores assistiam de dentro de seus carros à transmissão da cerimônia em um telão montado no estacionamento.

Apoio de ex-concorrentes
Ex-adversários de Biden na corrida do Partido Democrata voltaram a participar da Convenção para declarar apoio ao candidato escolhido pela agremiação.
Em um dos discursos mais aguardados, Pete Buttigieg, ex-prefeito da cidade de South Bend e que chegou a se candidatar à Casa Branca, relembrou a época em que serviu o Exército e destacou pautas defendidas por Biden e pelo Partido Democrata.
“Podem os EUA ser um país onde a fé fala de curar e não de exclusão? Podemos nos tornar um país que acredita que vidas negras importam? Vamos lidar questões sobre ciência e medicina buscando cientistas e médicos?”, questionou.
O empresário Andrew Yang, que também se candidatou, pediu a jovens apoiadores votos a Biden. “Se você votou em Trump ou mesmo não votou em ninguém em 2016, eu entendo. Mas devemos dar a este país, o nosso país, uma chance”, pediu.
Outro parlamentar e ex-pré-candidato a discursar, o senador Cory Booker criticou a política econômica de Trump: “Os trabalhadores estão sob ataque, a desigualdade aumenta, nossa classe média diminui e a pobreza persiste”, disse.
“Donald Trump diz que ‘nossa economia vai bem’, enquanto 40 milhões de americanos correm risco de perder suas casas”, acrescentou Booker.

Outros discursos
O último dia da Convenção Nacional Democrata — virtual e sem multidões por causa da pandemia de novo coronavírus — teve o discurso do governador da Califórnia, Gavin Newson. O estado é um dos mais afetados pela Covid-19 nos EUA e também sofre com incêndios florestais.
“Se você está em negação sobre mudanças climáticas, venha à Califórnia. A Mãe Natureza se juntou a esta conversa”, disse.
Outros parlamentares discursaram no evento. O senador democrata Chris Coon mencionou a religiosidade de Biden, católico, a quem descreveu como “um ombro amigo” e um “parceiro de orações”.
As eleições presidenciais americanas estão marcadas para 3 de novembro. A partir desta segunda-feira (24), será a vez do Partido Republicano oficializar a candidatura de Donald Trump à reeleição.
Foto: Kevin Lamarque/Reuters
G1

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