Polícia de São Paulo indicia mãe por suspeita de assassinar filho de 3 anos. Ela é paraibana

Publicado em 11 de maio de 2021

A Polícia Civil indiciou uma mulher de 37 anos por suspeita de assassinar o filho, Gael de Freitas Nunes, de 3 anos, em São Paulo. A investigação também pediu à Justiça a conversão da prisão em flagrante da mãe para a prisão preventiva. Até a última atualização desta reportagem não havia uma decisão judicial a respeito da solicitação. O caso ocorreu na segunda-feira (10). Segundo a Polícia Militar (PM), ela teria cometido o crime durante um surto psicótico. A mulher é natural da cidade de Prata, no interior da Paraíba e estava morando em São Paulo há quatro anos.
De acordo com o boletim de ocorrência, a mulher foi indiciada por homicídio qualificado por meio cruel. Segundo o documento, o menino foi socorrido e levado de ambulância para um hospital após ter sido encontrado desacordado, ferido e com parada cardíaca no apartamento onde morava com a mãe, a irmã dele de 13 anos e uma tia-avó da mulher na Bela Vista, no Centro da capital.
Foi a tia-avó quem encontrou o garoto e pediu ajuda. Segundo ela, a mulher estava em estado de choque, sem falar nada.
A Santa Casa de Misericórdia informou que Gael não resistiu e morreu no hospital. Segundo o registro policial, médicos que o atenderam contaram que o menino tinha sinais de maus tratos pelo corpo. O documento informa que ele tinha marcas de agressões na cabeça. A 1ª Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), no Cambuci, apreendeu um anel da mãe porque, segundo os investigadores, ele é compatível com uma lesão na testa da criança.
O motivo do crime ainda é investigado pela polícia, que requisitou câmeras de segurança do prédio onde a família morava para saber se elas gravaram algo que possa contribuir para o esclarecimento do caso.
O G1 não conseguiu localizar a defesa da mãe para comentar o assunto. Segundo a polícia, o advogado dela, Sérgio Henrique Sarmento Barros, havia pedido que sua cliente fosse solta e encaminhada para internação compulsória num hospital psiquiátrico, já que testemunhas contaram que a mulher teria tido um surto psicótico para cometer o crime e ainda teria tentado se suicidar em seguida, bebendo um produto de limpeza.
Mas, ao invés disso, a delegada Camila Safe Maier Hage prendeu a mulher nesta terça-feira (11) após interrogá-la. Ela também pediu à Justiça que a mãe fique detida até seu eventual julgamento pelo assassinato do filho.
“Demonstra a crueldade com que a autora agiu em face de seu filho”, informa trecho do boletim de ocorrência do caso, que atribuiu à Justiça a decisão de realizar algum exame de insanidade mental na mulher. ” [A mulher] não está fazendo nenhum tratamento psiquiátrico e não há nenhum diagnóstico confirmado.”
Antes de ser presa, a mãe chegou a ser encaminhada ao Hospital do Mandaqui, na Zona Norte, onde foi medicada e atendida por um psiquiatra, na manhã de segunda-feira. Apesar disso, o médico não confirmou se ela teve mesmo surto psicótico ou se tentou se matar em seguida.
Segundo policiais, a mulher foi interrogada nesta terça-feira, mas até a última atualização desta reportagem a Secretaria da Segurança Pública (SSP) não havia informado qual foi a versão que a mulher deu para o que ocorreu com Gael. A indiciada está detida na carceragem feminina do 89º Distrito Policial (DP), no Portal do Morumbi, na Zona Sul da cidade.
“A dona de casa foi encontrada pelos policiais militares em estado de choque no banheiro da casa em que mora e foi socorrida ao Hospital Mandaqui. Após alta médica, a mulher foi encaminhada à 1ª DDM, onde foi ouvida e indiciada. Ela foi levada à carceragem do 89º Distrito Policial, onde aguarda audiência de custódia. A autoridade policial aguarda o resultado dos laudos periciais, que estão em elaboração, e trabalha para esclarecer todas as circunstâncias da morte da criança”, informa trecho da nota da pasta da Segurança enviada ao G1.

Depoimento da tia-avó à polícia
No boletim de ocorrência, a tia-avó informou que deu mamadeira para a criança por volta das 7h e as duas ficaram na sala assistindo à televisão. Após alguns minutos, o garoto foi até a cozinha. A tia-avó disse que começou a ouvir choros, mas achou que ele estava apenas pedindo colo para a mãe.
Cerca de cinco minutos depois, começou a ouvir barulhos fortes de batidas na parede e acreditou que viriam de outro apartamento. Após dez minutos, ela passou a ouvir o barulho de vidro quebrando na cozinha e, quando chegou ao cômodo, a criança estava deitada no chão com vômito e coberta por uma toalha de mesa.
A testemunha conta que perguntou à mãe o que teria acontecido, mas ela não respondeu. A tia-avó pediu ajuda da irmã do menino, que ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Após a chegada dos socorristas, a criança foi levada até a Santa Casa em parada cardiorrespiratória, mas morreu no hospital.
Ainda segundo a tia-avó, a mãe do garoto já foi internada outras vezes. A tia não soube dizer, no entanto, se as internações foram por motivos psiquiátricos.
“Mas se recorda que o motivo das internações era devido ela ter ficado muito nervosa e que tais problemas surgiram após ela ter tomado remédios para emagrecer, acreditando que a última internação ocorreu há cerca de sete anos”, informa trecho do boletim de ocorrência do caso sobre o relato da tia-avó a respeito da mãe de Gael.
O tio de Gael, Reumir Freitas, também tenta entender o que teria ocorrido no apartamento.
“Talvez um descontrole emocional, talvez um surto, então fica para os médicos, para profissionais do processo apuraram qual a verdade”, disse.

Mãe não respondia a perguntas de médico
O médico do Samu que fez o atendimento da criança no local, Washington Canedo, contou que tentou falar com a mãe de Gael para saber o que tinha acontecido, mas ela também não respondeu.
“A mãe, o tempo inteiro, encontrava-se na cozinha. Nossa equipe tentou diversas vezes coletar informação, mas acho que devido ao trauma, ao choque, à situação toda, ela não estava responsiva. Quem nos dava informação era somente a avó e a irmã menor de idade”, afirmou na noite de segunda-feira.
Em nota, a Santa Casa informou que a criança chegou ao hospital “em processo de reanimação pela equipe do SAMU e permaneceu em reanimação pela equipe médica do hospital, sendo constatado óbito na sequência”.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou que a mãe foi encontrada em estado de choque e levada para um hospital, onde passou pelo departamento de psiquiatria, após o menino ser socorrido.
G1

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