Polícia prende 3 suspeitos de agredir e matar travesti Laura Vermont em SP

Publicado em 5 de julho de 2015

presos3A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta semana três suspeitos de agredir e matar a travesti Laura Vermont, de 18 anos, em 20 de junho. A informação foi confirmada nesta sexta-feira (3) aoG1 pelo delegado José Manoel Lopes, titular do 32º Distrito Policial (DP), em Itaquera, na Zona Leste da capital paulista.

Segundo as investigações, Laura, que tem no registro o nome de David Laurentino Araújo, brigou com várias pessoas e chegou a roubar um carro da Polícia Militar na noite em que morreu. Durante a investigação, a polícia conseguiu recontar o que aconteceu com Laura. “Foi uma madrugada de fúria”, disse Lopes.

Os presos são dois irmãos e um amigo deles, com idades entre 22 e 24 anos. Eles foram detidos na quinta-feira (2) por suspeita de assassinar a travesti. A polícia ainda procura mais dois colegas do trio por participação nas agressões que, segundo a investigação, causaram a morte de Laura. Seus nomes não foram divulgados.

Segundo o delegado, câmeras de segurança de uma padaria gravaram a briga entre os cinco rapazes e a travesti.

“A partir dessas imagens chegamos a parte dos autores, que confessaram participação nas agressões à travesti após um desentendimento, quando ela passava na rua”, disse Lopes, que pretende indiciá-los por homicídio doloso, quando há intenção de matar. “Quero avisar que o motivo do crime não foi homofobia, foi desentendimento”.

A família de Laura discorda da conclusão do delegado. “Foi motivo de homofobia, sim”, disse a irmã da jovem, Rejane Laurentino. Ela, porém, comemorou as prisões. “A gente quer justiça. Foi covardia o que eles fizeram. Muitos espancaram.”

Laudo do Instituto Médico-Legal (IML) concluiu que a causa da morte da travesti foi em decorrência do traumatismo craniano que ela sofreu. Exames médicos apontaram que a vítima morreu de “traumatismo cranioencefálico causado por agente contundente”.

“Um dos detidos confessou que pegou um pedaço de pau e deu três pauladas na cabeça de Laura”, afirmou o delegado, que ainda não concluiu o inquérito. Além de tentar procurar os dois amigos dos três jovens agressores, ele investiga se mais pessoas contribuíram para a morte da travesti.

Madrugada de fúria
De acordo com o delegado, na madrugada de 20 de junho, Laura havia pego carona com o cliente de uma travesti amiga dela e se desentendido no veículo com as duas pessoas. Ela queria que o rapaz a levasse para sua casa, mas ele se recusou, segundo a polícia. Durante a discussão, Laura cortou a colega com um canivete.

Segundo o delegado, o motorista parou o veículo e as duas desceram na Avenida Pires do Rio e continuaram a brigar. Foi quando um motoboy passou e arrancou o canivete das mãos de Laura, que estaria alterada. “A investigação aguarda o resultado dos laudos periciais para saber se ela consumiu drogas e bebida”, disse Lopes.

Em seguida, de acordo com o delegado, Laura atravessou a avenida e se desentendeu com um casal, puxando o cabelo de uma mulher. Depois, ela passou em frente a uma padaria da Avenida Nordestina onde estavam cinco jovens que haviam bebido no local. Ao passar por eles, a travesti teria discutido com o grupo, que passou a agredi-la.

“As câmeras de segurança do local mostram a briga”, disse Lopes, que não quis fornecer as imagens ao G1 alegando que, como ainda tem suspeitos para serem localizados, a divulgação poderia atrapalhar a investigação. “Um dos agressores pega um pedaço de pau e bate três vezes na cabeça dela.”
Sangrando, Laura ainda foi filmada pelo frentista de um posto de combustível. As imagens foram veiculadas na internet. A investigação ainda apura em que momento isso ocorreu: se antes ou depois da briga perto da padaria.

Posteriormente, a Polícia Militar foi à região para atender um chamado por conta da briga entre Laura e os rapazes. Ao chegar ao local, dois policiais militares contaram que a travesti entrou no carro da corporação e dirigiu até bater num muro. Durante o trajeto, um policial estava dentro do veículo tentando impedir o roubo.

Esse policial, que é o soldado Diego Clemente Mendes, de 22 anos, ainda atirou no braço de Laura. Ele e o sargento Ailton de Jesus, de 43 anos, teriam deixado de socorrer a travesti, que foi levada por pessoas que apareceram na região e a levaram a um hospital, onde morreu.

O corpo de Laura foi encontrado esfaqueado e com um tiro no braço. Os policiais Diego e Ailton chegaram a ser presos pela Polícia Civil por mentirem durante o depoimento que prestaram sobre o caso no 63º DP, Vila Jacuí. Depois foram soltos por decisão da Justiça.

Eles teriam omitido o fato de que um deles atirou na travesti. A dupla ainda teria orientado uma testemunha a omitir o disparo, dando a ela uma folha de papel com o que deveria falar.

Para a irmã de Laura, o disparo contribuiu para a morte da jovem. “Quem acabou de matar foi a polícia.” Rejane Laurentino acrescenta que a família está indignada com a soltura dos policiais. “Queremos a apuração melhor. Está muito no ar ainda. Um absurdo eles serem soltos e impunes.”
G1

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