Primeiro lugar em medicina na Fuvest é negra e da rede pública

A estudante Bruna Sena, de 17 anos, é a primeira colocada no curso de medicina da USP de Ribeirão Preto, o mais concorrido da Fuvest 2017, com 75,58 candidatos por vaga. Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a adolescente conta que será a primeira da família a ingressar numa graduação, e comemora: “a casa grande surta quando a senzala vira médica”.
Moradora de um conjunto habitacional na periferia de Ribeirão Preto, Bruna diz que a opção pela medicina veio há apenas um ano, por influência de professores do cursinho popular que frequentou como bolsista. A adolescente também se diz uma leitora ávida e tem George Orwell, autor do clássico “A Revolução dos Bichos”, entre os seus escritores favoritos.
Engajada na defesa de causas sociais, Bruna defende as cotas, e diz que não se pode esquecer “que foram anos de sofrimento e escravidão para os negros”. “Os programas de cota são paliativos, mas precisam existir. Não há como concorrer de igual para igual quando não se tem oportunidades de vida iguais”, disse Bruna à Folha de São Paulo. A mãe, Dinália Santos, que criou a filha sem nenhuma ajuda financeira do pai, afirma porém que teme que Bruna sofra racismo no ambiente universitário. “Ela vai ser o 1% negro e pobre no meio dos brancos e ricos da faculdade”.
Sobre seu futuro na medicina, a estudante diz que ainda não sabe qual área específica seguir, mas que pretende “atender pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda”.

Diário de Pernambuco