Promotor intima Lula e Marisa para depor sobre tríplex

Publicado em 30 de janeiro de 2016

O promotor de Justiça Cássio Conserino intimou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua mulher Marisa Letícia para depor em investigação sobre tríplex às 11h do dia 17 de fevereiro no Fórum da Barra Funda em São Paulo. É a primeira vez que Lula e Marisa vão depor como investigado.
O ex-presidente da OAS José Adelmário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, também será ouvido. Ele já foi condenado a 16 anos na Lava Jato recorreu e responde em liberdade.
O Ministério Público de São Paulo investiga a suspeita de que o ex-presidente Lula tenha ocultado ser o dono de um apartamento no Condomínio Solaris, no Guarujá, onde fica o tríplex 164A de 297 metros quadrados.
Ao Jornal Nacional, o promotor afirmou que há indícios de que houve tentativa de esconder a verdadeira identidade do dono do tríplex. E essa seria uma forma de encobrir o crime de lavagem de dinheiro. Os promotores paulistas suspeitam que a empreiteira OAS, que assumiu a obra com a falência da Bancoop, reservou o imóvel para o ex-presidente Lula e sua família.
Quando foi reeleito, em 2006, o então presidente Lula apresentou na declaração de bens uma Participação Cooperativa Habitacional Apartamento em construção no Guarujá, no valor de R$ 47.695.
Pelo menos dez pessoas já foram ouvidas nas investigações em São Paulo. Um deles é o empreiteiro Armando Dagre Magri, dono da Talento Construtora. Magri disse que a OAS contratou a Talento para reformar o triplex 164 A. Ele disse que trocou o acabamento, refez a piscina, mudou a escada e instalou um elevador privativo. Segundo ele, praticamente refizeram o apartamento. Segundo Magri, a obra custou em torno de R$ 777 mil e foi feita entre abril e setembro de 2014.
Armando Magri disse não ter tido qualquer contato com Lula, mas sim com Marisa Letícia, mulher do ex-presidente. Magri afirmou que estava reunido com um representante da OAS, quando Marisa entrou apartamento 164 com um rapaz e dois senhores.
Magri disse que só depois ele ficou sabendo que eram Fábio, filho do ex-presidente Lula, um engenheiro da OAS e o dono da construtora, Léo Pinheiro.
“Ela executou a reforma e, no momento em que foi marcado uma data para a realização da vistoria pela OAS, o diretor da Talento compareceu no local e quem estava lá nesse dia era Dona Marisa Letícia, acompanhada de seu filho Fábio e do senhor Léo Pinheiro, presidente da OAS. Também, nesse momento, nada foi dito a ele, a quem pertenceria esse imóvel. E, conferida todas as reformas, foi realizada a vistoria e a obra foi entregue”, diz Aloísio Lacerda Medeiros, advogado da Talento Construtora.

O Ministério Público paulista também ouviu José Afonso Pinheiro, zelador do prédio no Guarujá desde 2013. Ao ser indagado se o ex-presidente foi ao prédio, o zelador disse que sim e que inclusive foi na época da reforma para a instalação do elevador privativo do tríplex.
Ele disse que se recordava da presença de Lula em uma segunda-feira e em outra oportunidade para limpeza geral no apartamento.

O zelador disse que os familiares do ex-presidente chegavam normalmente em dois carros acompanhados de seguranças. Ele citou que os seguranças prendiam o elevador enquanto a família estava acomodada no tríplex, o que gerava reclamações dos demais moradores.

Ele também afirmou que a OAS limpava o prédio, colocava flores para receber a família do ex-presidente e que a ex-primeira dama Marisa Letícia chegou a frequentar o espaço do prédio indagando sobre o salão de festa, piscina e áreas comuns.

O zelador disse ainda que um homem que seria funcionário da OAS pediu para que ele não falasse que o apartamento seria de Lula e da esposa, mas sim da OAS. A porteira do prédio também afirmou que viu o presidente Lula e a mulher dele no prédio no fim de 2013. Ela disse que depois que a investigação sobre o apartamento veio à tona ninguém mais da família do ex-presidente voltou a aparecer no local.

Em entrevista ao Jornal Nacional, o advogado de Lula negou que o ex-presidente ou parentes dele sejam donos do tríplex no condomínio de Guarujá. “Esse imóvel não é do ex-presidente Lula e de nenhum parente do ex-presidente Lula. A família do ex-presidente Lula comprou uma cota de um projeto da Bancoop. É só isso que existe. Ele pagou essa cota. Essa cota está declarada no imposto de renda do ex-presidente Lula”, afirma Cristiano Zanin Martins, advogado do ex-presidente Lula.
O Jornal Nacional também perguntou ao advogado do ex-presidente Lula por que o apartamento teria sido reformado pela OAS e por que a reforma teria sido supervisionada pela ex-primeira-dama.
“Eu não tenho a menor ideia porque houve uma reforma e quem fez esta reforma. Simplesmente porque este imóvel não é do ex-presidente Lula ou de qualquer parente do ex-presidente Lula. O ex-presidente Lula tinha uma cota de um projeto da Bancoop e depois, quando este projeto foi transferido para uma outra empresa, ele tinha duas opções: pedir o resgate da cota ou usar a cota para a compra dum imóvel no edifício Solaris. E ele fez a opção, a família fez a opção, pelo resgate da cota”, diz o advogado.
A OAS afirmou que não vai se manifestar sobre as investigações relacionadas ao tríplex.
G1

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