Reconhecimento facial da polícia erra de novo e acusa inocente

Publicado em 14 de janeiro de 2022

Um laudo produzido por papiloscopistas da Polícia Civil do Distrito Federal a partir de um programa de reconhecimento facial apontou um morador do DF como autor de um crime que ele não cometeu. Eduardo Wendel Pereira do Santos, de 23 anos, foi acusado de assaltar um ônibus em Brasília. Mas uma outra avaliação, feita por peritos criminais da PCDF, contrapõe a conclusão “com o máximo grau de plausibilidade”. Esse foi o segundo erro recente do Instituto de Identificação que culminou com um suspeito inocente da acusação.
Com o auxílio do programa de computador, os investigadores compararam as imagens de câmeras de segurança do veículo com fotografias do banco de dados da Polícia Civil.
O documento foi assinado pelos papiloscopistas Vitor Zago Campanema e Petterson Vitorino de Morais, os mesmos responsáveis pela identificação errada que levou à prisão do pedreiro José Domingos Leitão, no Piauí, noticiada com exclusividade pelo R7 em dezembro.
O laudo do Instituto de Identificação afirma que “há possibilidade” do autor do roubo ao ônibus flagrado nas câmeras de segurança ser Eduardo Wendel. Veja abaixo:

Diante das dúvidas, um novo laudo foi solicitado a outro segmento da Policia Civil, o Instituto de Criminalística. Os peritos chegaram a uma conclusão diversa dos papiloscopistas, de que não é possível apontar Eduardo Wendel como autor do assalto, apesar da ficha criminal que ele possui. Wendel já foi condenado a 24 anos de prisão por outros crimes.
Para os especialistas, as tatuagens, os traços e o tom de pele do assaltante do ônibus não condizem com o de Eduardo Wendel. Confira:

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil, que ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestações.

Caso semelhante
O R7 havia mostrado, no fim de 2021, que esse não foi o primeiro erro da Polícia Civil do Distrito Federal. José Domingos Leitão, pedreiro de 52 anos, foi preso pela corporação após o reconhecimento facial apontá-lo como autor de um crime na capital. Porém, ele é morador de Ilha Grande, no Piauí, e estava na cidade no dia do delito em questão.
A ordem de prisão também teve como base um laudo do Instituto de Identificação, feito a partir da comparação de imagens de câmeras de segurança de uma loja de departamentos do DF — em que o real criminoso aparece — com a identidade de Leitão, rastreada pelo programa de computador num banco de dados nacional. Os laudos dos casos de José Domingos e Eduardo Wendel foram assinados pelos mesmos papiloscopistas.
O pedreiro acabou sendo liberado três dias depois da prisão, mas afirmou que ainda sofre as consequências da falsa acusação. “Eu sofri, porque fui julgado pelos vizinhos. Perdi muitos serviços, porque disseram que eu era traficante. Falei que era inocente e a delegada falou para mim para eu pensar no que tinha feito. Pensei muito na minha família, que eu não ia voltar mais.” Ele decidiu processar o Distrito Federal por danos morais e pede indenização de R$ 50 mil.
Imagem: REPRODUÇÃO
R7

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