Relatório aponta que ex-assessor de Flávio Bolsonaro fez 5 saques em um dia e 176 somente em 2016

Publicado em 9 de dezembro de 2018

O relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda, detalha que Fabrício de Queiroz, ex-assessor na Alerj do deputado estadual Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, chegou a fazer 5 saques em apenas um dia. O relatório, revelado pelo jornal Estado de São Paulo, ao qual a TV Globo teve acesso, mostrou movimentações financeiras consideradas suspeitas na conta do ex-assessor de mais de R$ 1,2 milhão.
O documento revela que Queiroz chegou a fazer 176 saques em dinheiro em 2016. Segundo o documento, a média foi de uma retirada a cada dois dias.
No total, as retiradas somaram quase R$ 325 mil, com saques que chegaram a R$ 14 mil. O relatório mostra ainda que houve 59 depósitos em dinheiro na conta de Queiroz, com entrada de mais de R$ 12 mil.
A ex-secretária parlamentar e atual mulher de Jair Bolsonaro, Michele de Paula Bolsonaro, foi favorecida em uma dessas movimentações. Ela recebeu R$ 24 mil. Segundo Bolsonaro, o valor era referente a uma dívida que o ex-assessor tinha com ele. O presidente eleito afirmou ainda que eles eram amigos e que emprestou o dinheiro porque Fabrício estava com problemas financeiros.
Na manhã deste sábado (8), durante uma cerimônia no Centro do Rio, Jair Bolsonaro disse que “ninguém” recebe ou repassa “dinheiro sujo” por meio de cheque nominal. Ele reafirmou que os depósitos na conta da mulher se referem ao pagamento de uma dívida de R$ 40 mil de Queiroz com o próprio Bolsonaro.
O presidente eleito disse que o dinheiro foi depositado na conta da futura primeira-dama por “questão de mobilidade”, já que ele tem dificuldade para ir ao banco em razão da rotina de trabalho.

Sete servidores fizeram movimentações para conta de ex-assessor
O relatório do Coaf também revela que sete servidores que trabalharam no gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), fizeram transferências bancárias para uma conta do ex-assessor Fabrício de Queiroz.
Entre os nomes citados estão o da filha de Fabrício, Nathalia Melo de Queiroz, a dele, mulher Márcia Oliveira Aguiar, e também: Agostinho Moraes da Silva, Jorge Luís de Souza, Luíza Souza Paes, Raimunda Veras Magalhães e Wellington Servulo Rômulo da Silva.
Márcia Oliveira de Aguiar aparece na folha de pagamento da Alerj de agosto de 2017 como consultora parlamentar e salário de R$ 9,2 mil.
Nathália trabalhou com Flávio na Alerj entre 2007 e 2016 e, menos de uma semana depois de ser exonerada, foi nomeada secretaria parlamentar no gabinete de Jair Bolsonaro, na Câmara dos Deputados em Brasília. Nathalia deixou o cargo na Câmara dia 15 de outubro, mesmo dia em que o pai foi exonerado do gabinete de Flávio na Alerj. Junto ao nome de Nathalia está o valor total de R$ 84 mil.
A outra filha de Fabrício, Evelyn Melo de Queiroz, foi nomeada em dezembro de 2016 como assessora de Flávio, na vaga da irmã Nathália. O nome de Evelyn aparece na folha de pagamento com um salário líquido de R$ 7,5 mil.
O Ministério Público Federal encomendou o relatório sobre funcionários da Assembleia Legislativa do Rio durante a operação Furna da Onça, que prendeu 10 deputados estaduais no mês passado.
No documento há informações de que Fabrício de Queiroz movimentou, em apenas um ano, R$ 1,2 milhão em uma conta.
Nesta sexta, antes de saber da publicação sobre os sete servidores, Flávio Bolsonaro afirmou que conversou com Fabricio de Queiroz e disse que ele vai prestar esclarecimentos assim que for chamado pelo Ministério Público.
“Fui cobrar esclarecimentos dele sobre o que tava acontecendo. A gente não tem nada a esconder de ninguém. Ele me relatou uma história bastante plausível. Me garantiu que não teria nenhuma ilegalidade nas suas movimentações, portanto, ele, assim que for chamado ao Ministério Público, vai dar os devidos esclarecimentos. Só que quem tem que ser convencido não sou eu, é o Ministério Público”, afirmou Flávio.
O Ministério Público Federal disse que está investigando as operações ligadas aos deputados presos na operação Furna da Onça. Sobre a movimentação do ex-assessor Fabrício de Queiroz, o MPF não esclareceu se se vai abrir algum procedimento para a analisar essas transações. O Ministério Público Estadual informou que já foi aberta uma investigação criminal para apurar todas as informações contidas no relatório, só que, por enquanto, o processo vai tramitar sob sigilo.
G1

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