Relatório da ONU conclui que há tempo de conter as piores consequências da crise climática

Publicado em 22 de março de 2023

Um relatório das Nações Unidas divulgado nesta segunda-feira (20) concluiu que ainda dá tempo de conter as piores consequências da crise climática e garantir um futuro melhor para a humanidade.
“Estamos caminhando quando deveríamos estar correndo”, disse o presidente do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudanças Climáticas.
Os cientistas reforçaram que as concentrações de gás carbônico na atmosfera são as mais altas em 2 milhões de anos e que o mundo precisa reduzir, praticamente pela metade, as emissões de CO2 até 2030 para cumprir o que determinou o Acordo de Paris, em 2015: que o aquecimento global se limite a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Ao mesmo tempo, os especialistas destacaram que há várias maneiras disponíveis hoje em dia para nos protegermos das mudanças climáticas causadas pelo homem e reduzirmos as emissões de gases que agravam o efeito estufa, como explica a brasileira Thelma Krug, uma das autoras do texto:
“Nós já temos muitas possibilidades de fazer adaptação em todos os setores, seja ele na parte de energia, seja na parte de agricultura, na parte de uso da terra, processos industriais. Agora, ele também fala que tem barreiras e, para países em desenvolvimento, uma dessas grandes barreiras é a questão realmente de financiamento”.
Segundo o relatório, quase metade da população global vive em regiões altamente vulneráveis às mudanças climáticas e, na última década, as mortes por enchentes, secas e tempestades nesses locais foram 15 vezes maiores em comparação a locais menos expostos.
A também brasileira Mercedes Bustamante, uma das editoras-revisoras do texto, frisou a necessidade de preparar o planeta para se adaptar aos eventos extremos cada vez mais frequentes, como a tragédia que atingiu o litoral de São Paulo no mês passado.
“A gente percebe que existe aí um espaço, não só de reduzir as emissões, mas é importante preparar a sociedade, as populações, sobretudo as mais vulneráveis, que contribuíram menos com a mudança climática, para que elas se tornem mais resilientes a esses eventos”, diz.
O último relatório do IPCC nesse formato saiu em 2014, quando serviu de base científica para o histórico Acordo de Paris. Agora, ao sintetizar em 37 as milhares de páginas de ciência climática publicadas nos últimos anos, o novo documento vai orientar a próxima Cúpula da ONU para o Clima, em Doha, em dezembro.
Para a COP28, o Secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que os governos – especialmente os do G20, o que inclui o Brasil – anunciem metas mais ambiciosas e sigam o relatório, que definiu como um manual de sobrevivência para a humanidade desarmar a bomba-relógio climática.

Foto: JN
G1

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