Unesco alerta que 40% dos estudantes não têm acesso a educação

Publicado em 21 de março de 2016

A Unesco alertou nesta sexta-feira que 40% da população mundial não têm acesso à educação em uma língua que fale ou entenda, o que prejudica a aprendizagem dos estudantes, especialmente dos mais pobres.
Em algumas sociedades multiétnicas com frequência uma língua foi imposta para a educação, às vezes por necessidade, como o espanhol em vários países da América Latina, ou inglês e o francês em muitos Estados africanos, ou o farsi no Irã, afirmou a organização.
Esse estudo do Relatório de Acompanhamento da Educação no Mundo (GEM), elaborado por uma equipe independente e divulgado pela Unesco, apontou que isto dificulta o progresso dos alunos que não falam em suas comunidades o idioma utilizado na escola, e cria desigualdades respeito com os que o praticam.
Como exemplo esse documento, intitulado “Se não entende, como pode aprender?”, mostrou que 94% dos alunos do sexto ano em Honduras que falam em seus lares a língua do colégio tinha adquirido as habilidades básicas de leitura, contra apenas 62% dos indígenas.
No Irã, a aquisição dessas competências chega a 95% dos alunos que falam farsi em casa, e cai para 80% entre os falantes de outras línguas locais.
Por isso, a diretora geral da Unesco, Irina Bokova, pediu para que se “encoraje o pleno respeito sobre o uso da língua materna no ensino”, o que não só melhorará a aprendizagem, mas também promoverá a “tolerância, a coesão social e a paz”.
No entanto, para evitar a marginalização que, segundo a Unesco, a educação em línguas locais minoritárias poderia gerar, a organização aposta na educação bilíngüe.
Esta opção, segundo o estudo, melhorou as qualificações escolares e reduziu a evasão escolar em países como a Guatemala e Etiópia.
Por esta razão, o organismo pediu que os docentes sejam preparados para ensinar em dois idiomas e para compreender as necessidades dos alunos que estão aprendendo em uma segunda língua.
A Unesco afirmou as carências de algumas nações nesse sentido, como no Senegal, onde só 8% dos professores se sentem confiantes para dar aula nas línguas locais, e no Mali, onde essa porcentagem cai para apenas 2%.
Além disso, recomendou que estas políticas sejam estendidas durante todo o período de formação do aluno, já que são necessários pelo menos seis anos de ensino em língua materna para reduzir as disparidades na aprendizagem que afetam os falantes de línguas minoritárias.
Agência EFE

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