‘Agora tem provas’, diz mãe que filmou marido batendo na filha de 3 anos

Publicado em 1 de janeiro de 2016

espancadorA mulher que filmou o marido batendo na filha de 3 anos com um cinto em Franco da Rocha, na Grande São Paulo, falou que só acreditaram na versão dela, de que o homem realmente agredia a menina, após o vídeo viralizar nas redes sociais. O vigilante de 31 anos foi preso nesta quarta-feira (30) e confessou a agressão, segundo a Polícia Civil.
O G1 entrevistou a vendedora nesta quinta-feira (31) em sua residência. “Eu percebi que era a hora [de denunciar]. Porque já havia outras agressões contra a nossa filha de 3 anos. Eu nunca consegui fazer um boletim de ocorrência pelo fato de não ter provas. E agora tem provas”, falou a vendedora de 30 anos sobre o motivo que a levou a gravar o vigilante.
“Eu gravei, tive que ser muito forte para isso. Houve momentos de eu querer parar antes a gravação, mas eu não parei porque eu precisava de um pouco mais, que foi aquilo que vocês viram”, disse a mulher.
“Muita gente me julgou pela frieza em gravar o vídeo, mas eu acho, não, eu tenho certeza que frieza é uma mãe ver seus filhos apanharem todos os dias e não fazer nada”, completou. Além da menina, eles têm mais um filho, de 1 ano e 6 meses. “Houve agressão, sim. Muitas pessoas perguntaram se era montagem. Não, não era montagem. Ele já tinha agredido nosso filho mais novo”.
O vídeo de 25 segundos, gravado no dia 15 de dezembro, vazou nas redes sociais antes mesmo de chegar à investigação da Polícia Civil. Com as imagens, os policiais que apuravam inicialmente a denúncia de maus-tratos, feita por ela contra o pai da criança, se convenceram de que o caso era mais grave: tortura.
“Ela tinha ido prestar queixa na delegacia, mas não levou o vídeo, que compartilhou primeiro com os parentes. Soubemos do vazamento dele na internet e procuramos a mãe, que depois confirmou que o vídeo era de seu marido batendo na filha e nos forneceu as imagens”, disse Diogo Juns dos Santos, delegado de Franco da Rocha.
De posse do vídeo da agressão, os policiais pediram a detenção provisória do homem na semana passada. A Justiça se baseou nas imagens para decretar a prisão temporária de 30 dias do vigilante. Ele foi preso na quarta-feira (30) após fugir de Franco da Rocha e se esconder na casa de um amigo em Francisco Morato.
A prisão foi feita pela equipe do delegado Marcio Fruet, titular da Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise) de Franco da Rocha. “Ele confessou imediatamente no momento da captura. Ele falou que foi ele e estaria arrependido”, afirmou o policial.
Segundo a investigação policial, há duas versões para o pai ter agredido a filha com 12 golpes de cinto. “Segundo declarações da mãe, a criança de 3 anos estava chorando porque não conseguia abrir uma torneira, o que motivou as agressões dele”, disse Diogo.
“Já a versão do suspeito é a de que em virtude de uma traição dela, ele acabou ficando estressado, e disse que o casal deteriorou muito, e esse estresse e em decorrência do choro da criança, perdeu a cabeça e cometeu esse crime”, completou o delegado de Franco da Rocha. O suspeito também negou a versão da mulher, de que ele tentou enforcar a filha com o cinto.
A vendedora negou que tivesse traído o marido, mas declarou que não queria mais ficar com ele. “Eu estava querendo me separar há um ano”, respondeu a mãe da menina agredida. “Minha filha está traumatizada”.
“Foi quando ele me disse que se eu me se separasse dele, se eu o trocasse ele por outro, ele não faria mal algum a mim, porque o amor por mim era muito grande, mas ele iria tirar a vida daqueles que eu mais amo”, disse. “Para eu carregar na cabeça, na memória, a dor da perda. E a culpa seria minha. Ele sabe que as pessoas que eu mais amo são meus filhos.”
Além da Delegacia de Franco da Rocha e da Dise, o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) da Delegacia Seccional da cidade também participou das buscas ao suspeito.
Na ocasião, o suspeito fugiu em uma moto. O caso foi registrado como maus-tratos e posse irregular de arma de fogo de uso permitido, já que agentes encontraram munição de revólver calibre 38 em um carro que pertencia ao vigilante. O material foi apreendido para a perícia.
A confissão do pai foi gravada num vídeo feito pelos policiais e está no interrogatório dele, segundo Marcio. O delegado da Dise informou que o pai da menina foi indiciado por crime de tortura e acabou transferido nesta manhã para a Cadeia Pública de Cajamar. O G1 não conseguiu falar com o suspeito. A equipe de reportagem também não tem informações se ele constituiu advogado para defendê-lo.
G1

Banner Add

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial