Com nome inspirado na Copa, volante da base busca espaço no Palmeiras

Publicado em 12 de outubro de 2015

O nome é de craque. E composto para fazer o gosto do pai, fanático por futebol. Em junho de 1994, Joaquim vivia a expectativa de ver seu segundo filho nascer e também de acompanhar a Copa do Mundo. Foi quando lendo uma reportagem esportiva teve a ideia de dar ao seu filho o nome de dois jogadores que disputaram o torneio nos Estados Unidos. Pouco mais de 21 anos, ele não imaginava que Julen Sandy, uma mistura “espanhola-boliviana”, estaria batalhando por um espaço no elenco profissional do Palmeiras.
– Meu pai é um artista, né (risos)? Minha mãe tinha decidido que meu nome seria Alexandre. Mas meu pai estava no trabalho passando as páginas de um jornal e viu o Julen Guerrero, que era jogador da Espanha. Quando ele virou a página estava o Sandy, da Bolívia. Ele ficou virando a página e vendo: Julen e Sandy, Julen e Sandy… Na época quem registrava era o pai. Minha mãe falou que não era para colocar o nome porque senão ela ia bater nele (risos). Meu pai foi lá e registrou. Quando minha mãe viu ela ficou louca – conta o jogador, aos risos.
O assunto hoje rende risadas e é encarado com naturalidade pelo palmeirense. Mas durante a infância, em Brasília, ele teve de conviver com as brincadeiras dos colegas. Nem mesmo adulto ele consegue escapar de algumas situações inusitadas.
– Eu sofri pra caramba. Da primeira até a quarta série, quando eu comecei a ter noção do meu nome, a dupla Sandy e Júnior fazia muito sucesso. Quando faziam a chamada na escola pelo número eu gostava. Quando era pelo nome a sala inteira ficava conversando, mas parava quando a professora falava: “Julen… Sandy? É isso?”… Eu levantava a mão e todo mundo ria – disse, que ainda sofre com algumas confusões.
– Sempre que você vai na igreja eles anotam o nome. A mulher perguntou e eu falei: Sandy. No meio do culto eles sempre apresentam, e eu estava no meu canto pensando se o pastor ia falar besteira. E ele falou que queria apresentar a irmã Sandy. Eu levantei e ele pediu perdão (risos). A igreja estava lotada, fiquei com vergonha. Mas hoje levo na brincadeira – relembra o jogador.
Após começar a carreira no Legião – clube fundado em Brasília em homenagem à banda Legião Urbana -, Julen passou por dois grandes clubes do Rio de Janeiro (Fluminense e Vasco) antes de desembarcar nas categorias de base do Palmeiras, em 2013. E a aventura fora de casa aconteceu por causa de uma parceria inesperada com o músico Gabriel O Pensador, que hoje além de empresário virou amigo do jogador.
Destaque do time sub-20, Julen foi um dos mais de 40 atletas apresentados ao técnico Oswaldo de Oliveira em janeiro. E, mesmo após a grande reformulação no elenco alviverde, ele foi surpreendido com uma chance na pré-temporada.
– Na época falaram que teriam alguns cortes, antes da pré-temporada. Eu pensei que nessa eu ia embora. Quando eu fui ver o meu nome era o último da lista, mas estava lá (risos) – diz.
Desde então, o volante nunca mais saiu do plantel. Ele chegou a ser relacionado e ficar no banco palmeirense na partida contra o Sampaio Corrêa, em abril, no jogo de ida da segunda fase da Copa do Brasil. Mas uma grave lesão o afastou dos gramados nos últimos quatro meses. Justamente durante o período em que o Palmeiras mais precisava de um volante.
– Se não tiver o psicológico bom e não acreditar bastante é difícil segurar. O Gabriel machucou, o Arouca machucou. E o Palmeiras sem volante. Você sabendo que tem condição de jogar, mas não pode porque está machucado. A lesão que eu tive foi muito grave. Lembro que quando eu vinha pra cá em dois períodos o coração doía. Era o momento de estar no time para aproveitar a oportunidade – conta o atleta de 21 anos, fã de Zé Roberto.
Quase recuperado, Julen passa pela fase de transição antes de ser liberado para os trabalhos com bola. Ele sonha com o retorno e com a possibilidade de conquistar a Copa do Brasil. Tudo isso para convencer o Palmeiras a renovar seu contrato, que se encerra em dezembro.
– Esse ano ainda vou ter uma oportunidade. Se eu tiver pode ter certeza que vou aproveitar. O que vai acontecer depois eu não sei, aí o futuro vai dizer – diz.
– Durmo pensando nisso (em conquistar um título em 2015), estava imaginando esses dias. Cheguei em casa muito cansado porque o trabalho tinha sido muito pesado. Mas vale o esforço porque teremos o Brasileiro, depois o jogo contra o Fluminense na Copa do Brasil. Se eu melhorar gradativamente dá para eu voltar e sentir esse gostinho – completa.
Globoesporte

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