‘De fato, a Terra é redonda’, afirma 1º turista espacial brasileiro após viagem

Publicado em 6 de junho de 2022

De Belo Horizonte para o espaço! O Fantástico acompanhou o antes e depois da ida do primeiro turista espacial brasileiro para ver a Terra bem do alto.
Mas vale uma volta rápida no tempo: dia 15 de maio. O engenheiro de produção Victor Hespanha e a mulher dele, a também engenheira Marcella, fazem as malas rumo ao desconhecido.
“É um marco na minha vida. É um marco para minha cidade, para o Brasil, né? Eu queria muito compartilhar. Eu queria que as pessoas vissem com os meus olhos. Ver a escuridão do espaço, ver a curvatura da Terra”, diz Victor.
A realização do sonho de criança de ser astronauta foi possível porque o Victor enxergou uma oportunidade e arriscou.
“Eu já estava estudando sobre esse mercado de criptos e já estava reservando um dinheiro para investir”, conta.
NFTs são certificados digitais e Victor escolheu um que foi criado pela empresa cripto Space Agency. O investimento dava direito a participar de um sorteio: uma viagem ao espaço pela Blue Origin, companhia espacial privada do bilionário Jeff Bezos.
Victor fez a compra no dia 25 de abril. E o sorteio já aconteceu cinco dias depois. No total, eram 300 NFTs. E ele comprou três, pagando R$ 4 mil por cada um. Com isso, tinha 1% de chance no sorteio.
Renata Capucci: Muito mais fácil do que ganhar na loteria, por exemplo.
Victor Hespanha: Muito mais fácil, muito mais fácil.
Mas o valor do prêmio… Esse é digno de loteria. Uma vaga nas viagens da Blue Origin já foi leiloada por US$ 28 milhões.
“Nunca imaginei que aconteceria algo próximo disso na minha vida, né? Espaço? Todo mundo achou que era montagem primeiro, né, pegadinha”, diz Victor.
Mas era verdade verdadeira! Victor Hespanha iria para o espaço em menos de um mês, no dia 20 de maio.
“É totalmente surreal. Do nada, meu marido está indo para o espaço, e eu estou indo para o Texas” comenta a esposa de Victor.
Malas prontas, bandeira do Brasil garantida, partiu aeroporto. Era o início de uma viagem que vai marcar a vida desse mineiro e da família dele para sempre. Após a decolagem, o foguete ganha velocidade e, quando se aproxima de cem quilômetros de altura, a cápsula de tripulantes se separa e liga os próprios motores, e inicia o voo livre, com gravidade zero.
Enquanto isso, o foguete usa motores que funcionam como freios para o pouso. Por fim, a cápsula também volta ao solo com ajuda dos paraquedas. A trajetória dura dez minutos. E é toda comandada por computadores na Terra, sem piloto.
Quando o Victor chegou no Texas, na segunda, 16 de maio, foi logo pra vila dos astronautas. Mas antes mesmo de iniciar o treinamento, uma notícia inesperada: a Blue Origin informa, dois dias antes do voo, que estava adiando o lançamento da New Shepard por razões de segurança.
Victor e Marcella voltaram para o Brasil. Mas a espera foi curta. A nova data de lançamento foi confirmada para 4 de junho, e na última terça (31), eles já estavam de volta aos Estados Unidos.
Sábado, 4 de junho. O dia tão esperado chegou. Victor e os 5 companheiros de voo, todos civis, chegaram à base de lançamento de carro. Tiraram fotos e subiram na plataforma do foguete. A cápsula foi aberta, todos entraram e tomaram seus assentos.
Pouco depois das dez da manhã, hora de Brasília, a New Shepard ligou os motores. E logo começou a contagem regressiva. Era o início da aventura do primeiro turista espacial do Brasil.
O foguete começa a voltar para a Terra. E pousa, intacto. Em seguida, os primeiros paraquedas da cápsula se abrem. E depois os outros 3, maiores. E a cápsula aterrissa, levantando poeira no deserto. Festa e alívio em Belo Horizonte.
No Texas, Victor sai da cápsula sorrindo e comemorando. E a repórter Renata Capucci conversou com ele, com exclusividade depois desse feito inédito.
Renata Capucci: Victor de Deus, fala pra mim o que você sentiu? Como descrever esse momento incrível da sua vida?
Victor Hespanha: Renata, assim, eu estou muito feliz. É muito difícil explicar. Eu pensava o que aconteceu na minha vida para chegar aqui hoje também, o que eu fiz. É uma coisa muito intensa, sabe? São 30 minutos da sua vida que de fato passa esse filme.
Renata: E o que que deu pra ver da janelinha nesse momento, Victor?
Victor: Estava doido pra dar uma cambalhota, meu sonho de infância era dar uma cambalhota, né? Então, eu dei a cambalhota e fiquei segurando na janela. E também que, de fato, a Terra é redonda. Muita gente falando da Terra plana. Eu falei, gente, a terra é redonda, verdade, não é mentira.
Renata: Aquilo que você imaginou que seria foi aquilo que você de fato viu ou foi completamente diferente?
Victor: A vista, assim, foi absolutamente fantástico. Só que acho que a experiência do corpo foi uma coisa que eu não esperava, entendeu? Você perde as referências.
Mesmo depois de chegar ao solo, ainda demorou para Victor acreditar no que tinha vivido.
“Eu fiquei meio extasiado por um tempo, sabe? Eu coloquei a mão na boca e falei: ‘O que está acontecendo? Meu Deus’. Não cai a ficha. É muito, muito surreal o que eu vivi. Foi muito surreal o que eu vivi. E aí depois eles trouxeram a bandeira do Brasil pra mim, eu comecei a tirar um monte de foto. Ah, foi muito emocionante, Renata, foi muito emocionante”, relembra Victor.
Foto: Reprodução/Instagram
G1

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