Lula e o governador de São Paulo posam juntos para foto e sinalizam aproximação durante entrega de recursos para obras do PAC

Publicado em 17 de dezembro de 2023

Como anunciou o próprio presidente Lula (PT) ao posar para ela, é de fato extraordinária a foto em que ele e o vice Geraldo Alckmin (PSB) aparecem ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), na cerimônia de entrega de recursos de bancos públicos para obras nos Estados no contexto do novo Programa de Aceleração do Crescimento.
Não tanto pela foto, rotineira em eventos do tipo, mas pelo seu significado simbólico e político.
Uma das maiores reformas em que se empenha diuturnamente o maior mandatário é a de restabelecer um ambiente de mais normalidade nas relações políticas em todos os estamentos sociais.
Quebrar o protocolo, oferecer a primazia da palavra ao governador, solicitar a foto e posar com Tarcísio, ex-ministro e apoiador de Bolsonaro, sinaliza na direção de um respeito às instituições republicanas e federativas. Para Lula, estas devem funcionar para o bem da população, algo acima das preferências e, no controle das paixões e ódios inevitáveis das disputas políticas.
O presidente se lança numa disputa que lhe exige força hercúlea para lograr sucesso: mudar o clima desde os palcos dos palácios, os plenários das casas legislativas até as relações na família, no trabalho e nas amizades que dolorosamente se agastaram durante o reino do bolsonarismo e da reação a ele. Lula não quer convencer nem desconsiderar divergências, mas restabelecer a normalidade perdida.
Pela relevância do Estado que governa, Tarcísio tem sido presença constante nessas interações republicanas desde o início do ano, no socorro às vítimas da enchente que assolou São Sebastião e exibiu sinergia dos três níveis de governo. Não há por que edulcorar as contradições dessa interação: em sua esfera estadual, Tarcísio comandou a privatização da Sabesp em meio à repressão contra manifestantes opositores no plenário da Assembleia Legislativa.
Também por isso, ao defender relações ordeiras e amenas, Lula faz questão de se distanciar do que vê na origem do problema, como definiu, referindo-se a Bolsonaro, na entrega de uma obra de contorno viário em Serra (ES): “Ele não inaugurou nenhuma obra aqui. Mas ele inaugurou o ódio entre filhos, pais, a mentira, as mais deslavadas mentiras. As intrigas entre famílias”, afirmou.
“Tem família que não conversa mais. Tem pai que não conversa com filho. Tem filho que não conversa com a mãe. Tem irmão que não conversa com o irmão, por causa de um facínora que pregou o ódio durante quatro anos neste país. Mentiu e pregou o ódio.”
Ao tocar essas cordas não escapa a Lula a intenção de, ao longo deste seu mandato, ir dissolvendo bolhas e diferenças que impedem uma melhor apreciação das realizações do governo federal.
A máquina de falsas notícias está na essência do bolsonarismo. Sem ela, a bolha de ódio murcharia por falta de alento.
Lula aponta contra ela, de olho num ponto futuro em que alguma paz possa retornar entre os governos e dentro das casas, a despeito das diferenças de opinião.
Tal chamado ao entendimento e à esperança, ademais, coincide à perfeição com o sentido mais profundo do Natal. Ao tocar todas essas cordas, Lula descortina a mais profunda das transformações.

Brasil 247

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