O GARANHÃO

Publicado em 14 de novembro de 2017

Já fui um garanhão, bons tempos aqueles, Conheci gemidos em todos os idiomas, em cada currutela, uma transa, em cada país, uma aventura, fui amante de atrizes, modelos, cantoras, por onde andei, deixei meu rastro, uma donzela chorando ou uma viúva querendo me desposar.
Meu pai era rico, podre de rico, empresário nas docas de Santos, dono de vários prédios, eu sempre fui um burguesinho xarope, nunca coloquei a mão na massa, jamais peguei num cabo de vassoura, nem pra pegar do chão, se acaso eu a derrubasse, se tivesse alguém pra levantar meu zíper toda vez que eu fizesse xixi, eu ia gostar muito.
Não sei se tive algum filho nessas minhas andanças, se tive, com certeza, eram todos machões, cabras da peste, com meu DNA não poderia nascer nenhuma florzinha, homem com meu sangue correndo nas veias, não iria quebrar a munheca e nem rodar bolsinha.
Em uma semana, eu pegava mais mulher que o Chico Anísio e o Fábio Jr juntos, se eu tivesse comido a Gretchen, a Tammy seria meu filho.
Mas tudo que é bom dura pouco, tinha um empecilho que me acompanhava desde a minha mocidade, eu sofria com uma terrível dor nos testículos, não era assim, uma dor insuportável, mas incomodava e muito, só não doía quando eu estava nos braços de alguma mulher, se doía, eu nem notava. Bem que eu gostaria, mas não podia ficar 24 horas na cama fazendo amor.
Quando eu ia embora, os grãos voltavam a doer e parece que cada vez doía mais.
Em cada país que eu estava, procurava um médico diferente, cirurgiões em suas áreas, porem nenhum deles descobria a causa de tanto sofrimento, criavam um monte de suposições, aviavam mais um monte de receitas, remédios, poções mágicas, pajelância, masquei folha de coca, tomei o Santo Daime , mas nada adiantou.
Um dia, eu estava com o saco cheio ( e doendo ) tomei uma decisão drástica vou cortar minhas bolas fora.
Médico nenhum quis fazer o serviço, todos tentavam me fazer mudar de ideia, todos se recusavam, mandavam procurar outro, quem sabe um índio velho, uma aborteira, um castrador de porco, qualquer um que aceitasse passar a faca em minhas pelotas.
Consegui um que fizesse e fiz, virei capão, eu sabia que a partir desse dia, meus dias de luxuria se acabariam, mulher seria só pra apreciar, olhar com o olho e lamber com a testa.
Só me restava continuar viajando, gastando o dinheiro do papai e me esforçando pra arranjar desculpas quando recebia um convite pra uma noite de sexo louco, coisa que eu nunca enjeitei, eu estava, como meu pai sempre dizia, mixando pra traz.
Uma tarde na França, numa cidade de nome, La Rochelle, vi numa lojinha na avenida Jean Guiton, umas cuecas muito bonitas, nunca tinha visto igual, entrei e pedi ao vendedor pra que me trouxesse algumas.
Ele trouxe um punhado, gostei de todas, então eu disse a ele, que iria levar, mas eu queria tamanho M e ele tinha trazido tamanho G.
Ele deu a volta no balcão, me olhou de cima a baixo e disse, que, olhando pra minha
estatura, meu tamanho era G.
Então eu disse, que desde que eu me conheço por gente, sempre usei tamanho M.
Ele concordou, balançou a cabeça, deu aquela entortadinha nos lábios e disse….tudo bem, vou trazer tamanho M, mas pode ser que te de uma dor terrível nos testículos.

Valdir Fachini
valdirfachini53@gmail.com

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