Policia apura denúncia de mulher que procurou DP para denunciar ex-companheiro, mas diz que acabou sendo estuprada por investigador

Publicado em 14 de fevereiro de 2023

A Polícia Civil afastou e abriu dois inquéritos – um na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro do Rio e outro na Corregedoria-Geral da instituição – para apurar a conduta de um investigador, lotado na 12ª DP (Copacabana), suspeito de abusar sexualmente de uma vendedora de 25 anos, dentro da delegacia. A vítima tentava registrar um boletim de ocorrência de agressão contra o ex-companheiro.
O caso teria acontecido na madrugada do último dia 4. Segundo a mulher, o abuso aconteceu após o policial chantageá-la. De acordo com a vendedora, Genilson Barbosa Bonfim ameaçou o ex-companheiro dela e, depois, condicionou a soltura dele em troca de sexo.
Ela negou, e o agente forçou a relação sexual alegando que ela só deixaria a 12ª DP após transar com ele.
A mulher conta que o sexo aconteceu em uma espécie de quarto na 12ª DP. Segundo a vítima, Genilson usou também uma arma durante o abuso para ameaçá-la.
Ainda de acordo com a vendedora, o policial também a agrediu fisicamente durante a relação sexual, apertando seu pescoço. Ao g1, a mulher lembrou que o policial tinha camisinhas no local.
O crime teria acontecido pouco depois das 2h do dia 4 de fevereiro.

Mensagem com elogios após o ato
Após o abuso, o agente mandou mensagens para a vítima. A reportagem teve acesso à íntegra da conversa entre ambos. Em um trecho, Genilson chegou a elogiar as partes íntimas da vítima.
Horas depois do abuso, a vítima procurou a Deam do Centro do Rio e registrou um boletim de ocorrência. A mulher prestou depoimento e foi encaminhada para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) do Centro.
De acordo com o Laudo de Exame de Corpo Delito de Conjunção Carnal, assinado pela perita legista Denise Macedo Jana, há vestígios de violência por ação contundente, mas requer mais exames para comprovar a violência sexual.
Com esse documento, a Deam do Centro pediu a prisão preventiva de Genilson. No entanto, o Tribunal de Justiça negou.

Vítima tinha sonho de ser PM, diz advogado
Patrick Rosa Barreto, advogado da vítima, disse que vai voltar a pedir a prisão do investigador e pediu celeridade para que ele seja punido pela Polícia Civil e pela Justiça. Ele lembrou também que a vítima tinha um sonho de ser policial militar.
“Isso é inadmissível. O exame do IML constatou o estupro. Ele precisa ser responsabilizado. A menina está em estado de choque com tudo que aconteceu. A minha cliente tinha um sonho de ser policial militar e agora está abalada com tudo isso. Ela desistiu do sonho. Queremos celeridade e a prisão dele. A Justiça negou o pedido de prisão, um absurdo. Vou me habilitar como assistente de acusação e requerer a prisão”, afirmou o defensor.
O namorado da vítima foi ouvido e liberado. Ele vai responder pela agressão em liberdade.

O que diz a defesa
Genilson Barbosa está sendo defendido pelo Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Rio (SindPol).
Em nota, Ricardo Monteiro, o advogado do órgão disse que “o policial tem 24 anos de carreira, sem quaisquer anotações em sua ficha funcional e que a investigação comprovará que o policial civil não cometeu os atos que lhe são imputados e que tem direito à presunção de inocência já que nada restou provado em seu desfavor”.
Na tarde desta segunda-feira (13), o g1 ligou para o celular do policial. No entanto, a ligação foi para a caixa postal.

O que diz a Polícia Civil
Em nota, a Polícia Civil disse que “o caso está sendo investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro do Rio, que ouviu os envolvidos e testemunhas, e realizou outras diligências”.
Ainda de acordo com a Civil, a delegada Alriam Miranda Fernandes pediu a prisão preventiva do policial, que foi indeferida pela Justiça. O telefone celular dele foi apreendido e foi encaminhado para perícia.
Ainda de acordo com a instituição, “em paralelo, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil (CGPOL) instaurou sindicância e afastou imediatamente o servidor”. Por fim, a instituição disse que “não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e que todos os fatos já estão sendo apurados, assim como as medidas cabíveis serão adotadas no rigor da lei”.
A reportagem questionou o Tribunal de Justiça porque a prisão do policial civil foi negada. No entanto, até a publicação da reportagem o órgão não havia respondido. O g1 também entrou contato com o MP para saber se foram favoráveis a prisão, mas ainda não obteve resposta.

Foto: Divulgação/Polícia Civil
G1

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