Polícia diz que já tem convicção de quem matou a estudante Rebeca Cristina

Publicado em 11 de julho de 2015

rebeca2A Polícia Civil da Paraíba informou, nesta sexta-feira (10), que já tem a convicção de quem matou a estudante Rebeca Cristina em 11 de Julho de 2014. No entanto o nome do acusado e o motivo do crime não foram revelados e a polícia acredita que pelo menos duas pessoas estão envolvidas no crime.
De acordo com a criminóloga e escritora, Ilama Casoy, que colabora com a Polícia da Paraíba, o crime teria sido planejado. A perita, que já atuou nos casos Nardoni e Richthofen, disse que o nome do suspeito não pode ser revelado para não levar perigo para testemunhas.
“Eu não posso contar o motivo porque, se eu contar, provavelmente o assassino vai está ouvindo e vai saber quem contou. Pessoas correm risco de vida”, argumentou.
Ela disse ainda que a investigação sobre o caso Rebeca se baseia em várias testemunhas e a polícia já estudou o histórico do suspeito. Para Ilana, uma das autorias do crime está elucidada.
“Uma das autorias já está elucidada. Nós sabemos que existem outras pessoas envolvidas nesse assassinato e as investigações vão prosseguir”, garantiu.
Ilana disse que a polícia resolveu falar após quatro anos de investigações porque o caso entra em um estado crucial.
“Estamos falando de uma investigação policial que chega ao suspeito, identificado o álibi desse suspeito, é feito o levantamento do histórico do suspeito, que é comparativo com o crime perpetrado, e também o motivo desse crime”, destacou Ilana revelando “angústia” pelo fato da Justiça negar prisão preventiva do acusado.
“Eu espero que ele não faça nenhum movimento contra quem ele pense está envolvido nessa investigação”, alertou.
O delegado Isaías Glauberto falou da convicção de quem matou a estudante, mas disse que não poderia revelar para não levar perigo as testemunhas.
“A gente não pode revelar a identidade do suspeito porque existem testemunhas e pessoa que depuseram contra esse cidadão e, para não expor essas pessoas, como a prisão preventiva foi negada, preferimos não revelar esse nome nesse momento.
A promotora de Justiça do 1º Tribunal do Júri da Capital, Artemise Leal Silva, que negou o pedido de prisão preventiva do homem apontado como suspeito do estupro e morte da estudante, disse, em nota divulgada à imprensa, que vai pedir à Polícia Civil a realização de mais diligências investigatórias.

NÃO HÁ DÚVIDAS
A criminóloga Ilana Casoy disse nesta sexta-feira (10) que não há dúvidas da autoria do homicídio da estudante Rebeca Cristina em João Pessoa, que completa quatro anos neste sábado (11). Ilana já trabalhou em casos como os dos assassinatos do casal Richthofen e da menina Isabella Nardoni e participa da investigação da morte de Rebeca há pouco mais de um ano.
A estudante Rebeca Cristina, de 15 anos, foi violentada e assassinada em 11 de julho de 2011, no trajeto entre a casa da família e o Colégio da Polícia Militar, em Mangabeira VIII, Zona Sul de João Pessoa. O corpo da estudante foi encontrado com diversos tiros em um matagal na Praia de Jacarapé, Litoral Sul da Paraíba, na tarde do mesmo dia do crime.
A Polícia Civil chegou a fazer um pedido de prisão preventiva de um homem indiciado no crime, mas o pedido foi negado pela Justiça, baseada em um parecer do Ministério Público, porque o DNA do suspeito não era compatível com o material encontrado no corpo. “Os indícios que pesam sobre o suspeito que a polícia sugeriu não estão coesos, nem seguros”, explicou a promotora Artemise Leal Silva. Ela explica também que novas diligências são necessárias para que os indícios de autoria sejam fortalecidos.
Ilana, no entanto, acredita que a investigação vai muito além do DNA. Ela observa que sempre que se pega “um caso que muita gente passou por ele, muitas pessoas já foram ouvidas, já existe um lapso de tempo, isso é uma grande dificuldade a ser superada”.
“A minha primeira preocupação é que as investigações ficaram voltadas para o DNA. O DNA em si, ele não é uma investigação, ele é um dado ao final da investigação. A polícia é necessária. Os exames, as provas, elas não eliminam nem diminuem o trabalho da polícia. O DNA é uma excelente prova quando ela ampara uma investigação”, disse.
Para a criminóloga, o trabalho da polícia é muito minucioso. “É um trabalho de formiga, de filtrar tudo que já tinha acontecido e começar praticamente tudo de novo até se chegar, como se chegou, a um suspeito. A gente acredita ter encontrado um dos autores desse crime”, declarou.
Mesmo com essa certeza, a Polícia Civil prefere não divulgar a identidade do suspeito por questões de segurança. “Um problema: ele está solto. O que é que eu faço? Como é que eu durmo?”, justificou Ilana.
Federalização
Em relação ao pedido de federalização do caso, solicitado pelo Conselho Estadual de Direitos Humanos da Paraíba (CEDH-PB) na sexta-feira (3), o juiz titular do 1º Tribunal do Júri, Marcos William, explica que nem todo caso que não é desvendado merece federalização. Segundo ele, cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidir.
“Como o incidente de federalização pode ser feito em qualquer fase do inquérito ou da ação penal. Tudo que disser respeito àquele processo que corria, a princípio, no âmbito da jurisdição atual passa a ser feito pela Polícia Federal ou pela Justiça Federal e também o julgamento. Ela se dá pela grave violação aos direitos humanos efetivamente e pela ausência do Estado em apurar ou permitir que esta lesão ao direito humano seja feita e fique impune”, explicou.
Para a integrante do CEDH, Laura Berquó, existe uma cautela excessiva na hora de divulgar quem é o suspeito. “Quantas jovens infelizmente são estupradas e mortas? E porque é no caso de Rebeca somente que a gente vê esta preocupação em se manter em segredo de justiça, em não se dizer à sociedade realmente o que foi que aconteceu?”, questionou.
“Nas investigações a gente percebe que há muito receio que há medo de se mexer com certas pessoas, uma cautela excessiva em ter provas contra determinadas pessoas, então na verdade isso aqui é um grito de justiça para que a gente pare, no Brasil e na Paraíba, de dizer: você é pobre, vai ser punido. Você é rico, você é influente, você é filho de alguém então você não vai responder pelo que faz”, declarou Laura.

Relembre o caso
Quatro anos depois do crime, a mãe de Rebeca, Tereza Cristina, explicou que é difícil falar da filha. “Eu ainda não me acostumei, ainda não vivenciei o luto, não tive este direito ainda porque tive que lutar por justiça”, comentou. “Quando chego em casa cansada do trabalho que abro minha porta e vejo esse sorriso [na foto de Rebeca] é como se ela dissesse ‘não desiste, mamãe, estou contigo’”

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